Encontro discute tecnologia limpa para a produção de Materiais Verdes
06/08/2010 – A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e o Laboratório de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) deram início a uma parceria e realizaram o 3° Amazonic Green Materiais Meeting – Encontro de Materiais Verdes, realizado na Faculdade de Tecnologia (FT), da Ufam.
O encontro, promovido pelo Núcleo Interdisciplinar de Gestão Tecnológica de Materiais e Processos (Nutec/FT) em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Sect), reúne especialistas dos quatro cantos do mundo.
Entre os participantes está o Doutor em Engenharia Química que atua na Ciência dos Materiais com ênfase em Reciclagem e Tratamento de Rejeitos e Efluentes Industriais e no desenvolvimento de novas aplicações de análises térmicas em materiais e processos, Jo Dweck, que proferiu a palestra “Caracterização qualitativa e quantitativa de argilas por análises térmicas”, no dia 05/08.
De acordo com o pesquisador, a partir do evento realizado em Manaus, as instituições poderão enfatizar os estudos sobre argilas na Amazônia que podem gerar produtos e processos de produção com maior responsabilidade ambiental.
Oportunidade
A argila, que é matéria-prima natural, vem sendo utilizada no ramo industrial, principalmente, para o segmento da indústria que atende a construção civil.
Dweck explicou que desenvolve pesquisa com diversos processos de rejeitos ou tratamento de rejeito (sobras de qualquer processo produtivo que não é aproveitado pela empresa/pessoa que o produz). “Na apresentação, tive a preocupação de mostrar como utilizar técnicas de analise térmicas para compreender o material (argila) e como está sendo processado. O estudo desse material é resultado da mistura de argila e bicarbonato de cálcio, os quais são processados em altas temperaturas para elaboração de produtos”, destacou.
Outra destinação da argila é a confecção de tijolos, muito comum nas construções de casas e edifícios de Manaus. De uma maneira geral, o professor explicou a etapa de produção destes materiais. “Primeiramente é feita a coleta do material na natureza, depois é feita a mistura e o molde é exposto, na sequência, ao tratamento térmico ou queimação. Só nesta fase a argila atinge um estado de resistência mecânica, para suportar a construção de paredes e telhados”, detalhou.
A abordagem do professor enfatizou a transformação da argila in natura numa argila mais pura. “Isso pode trazer mais benefícios para sua utilização, como a transformação da argila natural numa argila sem contaminantes orgânicas da água ou organofídica”, esclareceu.
Por outro lado, o material, denominado metacaulinita, pode sofrer transformação por meio de mudança de temperatura. O Dr. Dewck indagou sobre a temperatura ideal para esse processamento da caulinita ou caolin, um argilo-mineral de alumínio hidratado, “O que está ocorrendo ali? Essas técnicas de análises térmicas permitem saber, justamente isso, responder a esta pergunta. Não somente, do ponto de vista qualitativo, ou seja, o que está ocorrendo, mas também, de forma quantitativa, para saber a quantidade exata na produção de tijolos”, afirmou.
O pesquisador salientou que as análises permitem responder a estas perguntas. Isso é muito importante para elaboração de novos materiais, justamente por abordar o aproveitamento de biomassa para realização do estudo. Jo Dweck adquiriu amostras dos estados do Pará, Paraná e Paraíba.
Argila calcinada em substituição ao seixo
Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) demonstrou que a argila calcina (agregado sintético de argila) é uma alternativa ambientalmente viável como matéria-prima para construção civil em Manaus, em substituição ao seixo.
O estudo é desenvolvido pelo professor da UFAM e pesquisador Raimundo Pereira de Vasconcelos. Denominado de “Produção de Agregado Sintético de Argila Calcinada para Utilização em Concreto Cimento Portland”, o projeto é desenvolvido na Indústria Cerâmica da Amazônia Ltda (Litiara), situada no município de Itacoatiara (AM).
A pesquisa é realizada no âmbito do Programa Amazonas de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Micro e Pequenas Empresas (Pappe Subvenção), uma parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Sebastião Alves – Agência Fapeam