Estudo propõe discussão de cenários de futuro na Amazônia
Pesquisadores do Inpe estiveram no mês de março, no Projeto de Assentamento Agro-extrativista (PAE) Lago Grande, em Santarém (PA), primeiro local selecionado para o estudo sobre cenários de futuro através da organização não governamental (ONG) Saúde e Alegria, que há anos desenvolve projetos na área.
O objetivo do estudo, iniciado em 2009 e desenvolvido em parceria com outras instituições, é adaptar métodos participativos de construção de cenários para a realidade da Amazônia, em diferentes escalas e contextos socioeconômicos. Os eixos de análise são: infraestrutura, atividades econômicas sustentáveis e uso da terra, organização social e conflitos socioambientais.
"Cenários são narrativas sobre o futuro, que podem ser contadas em palavras ou números. Um cenário não é uma tentativa de prever o futuro, mas de visualizar como o futuro pode se desenvolver, em trajetórias alternativas, consistentes e plausíveis", explica a pesquisadora Ana Paula Aguiar, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CST) do Inpe. "Estudamos se este processo de construção de cenários pode ser efetivo como ferramenta no processo de consolidação de diferentes unidades territoriais da região".
Sobre o PAE
O PAE Lago Grande foi criado em 2005, em uma área de ocupação antiga, entre os rios Amazonas, Tapajós e Arapiuns, com cerca de 250 mil hectares, que corresponde a aproximadamente 15% do território de Santarém. Além de repetir o processo em outras áreas, os pesquisadores pretendem refinar a metodologia para vincular estes cenários qualitativos aos modelos computacionais em desenvolvimento no CST/Inpe.
O trabalho de construção de cenários é organizado através de oficinas. No caso do PAE Lago Grande, está sendo conduzido em duas escalas: comunitária e assentamento. Os resultados preliminares apontam o potencial deste tipo de trabalho para apoiar o processo de tomada de decisão coletiva.
Na comunidade de Aracy, dois futuros bastante distintos para 2020 foram desenhados, um desejado e um não desejado. Em ambas as narrativas construídas, os participantes dão como certo que as condições de infraestrutura do assentamento serão melhoradas num futuro próximo (incluindo a chegada do programa "Luz para Todos", melhoria do sistema de água, do acesso pela estrada, e escola de ensino médio na comunidade). No médio prazo, em ambos os cenários, melhores condições de acesso a saúde e comunicação (internet, telefonia celular) também estariam presentes.
"A diferença entre o cenário desejado e o não desejado reside principalmente na questão do sucesso de novas atividades econômicas, capazes de gerar trabalho e fixar os jovens na comunidade", diz Ana Paula, que lidera a atividade de construção de cenários na região.
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Foto 1 – Amazônia é preocupação constante de cientistas (Divulgação)
Agência Fapeam
(Com informações da Assessoria de Comunicação do Inpe e Jornal da Ciência)