Movimento Cambeba busca resgatar língua materna


Revitalizar a identidade etnocultural e histórica dos Cambebas, residentes em Manaus, por meio do aprendizado da língua materna e do Nheengatu. Esta é uma das ações da Organização dos Cambebas do Alto Solimões (OCAS) em prol da etnia, considerada extinta por algumas instituições oficiais que atuam com indígenas.

Os Cambebas dominavam as várzeas do Alto Amazonas quando os europeus chegaram à época da colonização. Com a Reforma Pombalina e a implantação do Diretório Indígena, muito dos valores culturais perderam-se e alguns foram incorporados a outros povos. Nesse contexto, a etnia foi considerada extinta. Todavia, um movimento de mobilização iniciado em São Paulo de Olivença (distante 988 km de Manaus), em 2001, resolveu resgatar a origem desse povo.

/De acordo com o coordenador do movimento em Manaus, Farney Tourinho de Souza, a organização tem por objetivo promover o bem-estar social, político, econômico e cultural do povo Omágua ou Cambeba, seus descendentes, em particular, localizados nas áreas ribeirinhas do Alto Solimões. “O povo cambeba dessa localidade não é reconhecido oficialmente”, afirmou.

Em Manaus, a OCAS buscou junto à Universidade do Estado do Amazonas (UEA) uma parceria para viabilizar a revitalização da língua cambeba e a língua geral, denominada Nheengatu. Por meio do projeto Reescrevendo o Futuro, 37 pessoas descendentes da etnia estudaram durante sete meses as línguas, na Escola Municipal Agenor Ferreira, bairro do Zumbi dos Palmares, zona leste de Manaus, sob a coordenação dos professores Francisco Cruz e Danielle Soprano Pereira e, no início de março, concluíram o curso.

Tourinho explicou a importância da metodologia do projeto no sentido de despertar o interesse dos descendentes em aprender as suas origens e se tornarem agentes multiplicadores das línguas. “É difícil assumir a identidade indígena devido ao preconceito. Mas estamos lutando para afirmar nossa existência que há séculos foi tida como extinta”, ressaltou.

“Os números apresentados pelo Instituto Sócio-Ambiental (ISA) também não refletem a realidade”, observou Tourinho. Segundo ele, os números de cambebas, tanto na capital como no interior, são expressivos se comparados aos dados oficiais.

Na próxima segunda-feira, 29, a OCAS estará realizando uma visita a sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) para mostrar as ações realizadas em busca de mais incentivos ao movimento.

Foto: Alunos durante curso – Divulgação 

Carlos Fábio Guimarães e Kelly Melo – Agência Fapeam

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