Pesquisa cria Atlas Linguístico do Amazonas


Você já observou que os brasileiros possuem dialetos próprios ou sotaques diferenciados dependendo de cada região do Brasil? Essas diferenças também existem quando comparamos o modo de falar das populações nos municípios do Amazonas. Cada uma desenvolve uma maneira própria de falar.

Para investigar, de forma criteriosa e sistemática, os dialetos do Amazonas a pesquisadora Maria Luiza Cruz-Cardoso, doutora em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria o Conselho de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), desenvolveu o Atlas Linguístico do Amazonas (ALAM).

src=https://www.fapeam.am.gov.br/arquivos/imagens/imgeditor/mapa.jpgO trabalho é o 8º do gênero desenvolvido no Brasil e está ligado a um projeto macro em nível nacional, o Atlas Linguístico do Brasil (AliB).

O ALAM buscou mapear as formas diferenciadas de pronunciar palavras em nove municípios representativos para o Estado (Benjamin Constant, Tefé, Lábrea, Eirunepé, Humaitá, Barcelos, Manacapuru, Itacoatiara e Parintins), isto é, registrar os fenômenos linguísticos que correspondem as realizações de fonemas vocálicos e consonantais em diferentes contextos.

Segundo Cruz-Cardoso, a pesquisa é inovadora porque constitui o primeiro atlas linguístico no Brasil a utilizar um sistema  computacional, que permite a armazenar os dados coletados e estruturar as informações. “Primeiro conseguimos controlar as faixas etárias, para isso entrevistamos seis pessoas em cada município. Em seguida desenvolvemos um software para fazer o mapeamento e armazenamento dos dados coletados, que antes eram feitos manualmente”, explicou.

src=https://www.fapeam.am.gov.br/arquivos/imagens/imgeditor/interior.jpgCardoso conta que os informantes foram divididos em gênero (masculino e feminino) e três faixas etárias, compreendendo as idades de 18 a 35 anos, 36 a 55 anos e a partir dos 56 anos. Além disso, era preciso que eles tivessem no máximo a 4ª série do Ensino Fundamental, para que não houvesse interferências na proposta da pesquisa.

Após os estudos, Cruz-Cardoso observou que algumas dessas maneiras de falar são comuns a outros atlas lingüísticos regionais brasileiros, cujas influências podem ter vindo da colonização dessas cidades, ou ainda por causa das televisões.

“As semelhanças facilitam as comparações interdialetais”, disse ao afirmar que o ALAM promove uma contribuição significativa para o conhecimento de uma região pouco explorada do ponto de vista dialetal. “O trabalho dialectológico é uma lição de vida”, finalizou.

Outros Projetos

A pesquisa, que resultou no Atlas Linguístico do Amazonas (ALAM), agora fomenta outras pesquisas na mesma linha de estudo. Segundo Cruz-Cardoso, a ideia é formar um grupo de estudos para fortalecer o entendimento dessas variações lingüísticas. “Estamos formando o primeiro grupo de Dialetos no Amazonas, a fim de começar a investigar de forma criteriosa o falar amazonense.

Cardoso orientou três trabalhos de Mestrado, sendo que dois já foram defendidos em dezembro de 2009 e o terceiro será defendido no final do mês de abril, na Universidade Federal do Amazonas.

Kelly Melo e Ulysses Varela – Agência Fapeam

 

 

Foto 1 – Exemplo de mapeamento da palavra "Pires" nos municípios pesquisados (Divulgação)

Foto 2 – Brincadeira de crianças no interior  (Isabelle Menezes)

Deixe um novo comentário

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *