Pesquisas ajudam a combater evasão escolar na zona rural
Como estimular estudantes com atraso escolar, baixo rendimento, problemas de comportamento e nitidamente desinteressados em continuar o ano letivo? A resposta para essas questões pode ser dada pelos professores da Escola Estadual Mário Silva D’Almeida, localizada na área rural da Comunidade de Bela Vista (a 38 km do município de Manacapuru e distante 85 km de Manaus em linha reta), sanaram os problemas com a implantação de projetos de pesquisa.
A ideia partiu da gestora da escola, professora Danielle Mariam dos Santos, que buscou cativar os alunos do 6º ao 9º ano, com idade entre 16 a 20 anos, a continuarem os estudos por meio da execução de três projetos de pesquisa realizados com aporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio do Programa Ciência na Escola (PCE).
Segundo Mariam, o mais lógico seria chamar os alunos mais dedicados, assíduos e com melhor rendimento, mas os professores aceitaram o desafio de mudar a vida dos alunos com dificuldade escolar.
“Aceitamos o desafio de mudar a história desses jovens e até mesmo a nossa, uma vez que estaríamos multiplicando nosso trabalho, contribuindo para além da formação acadêmica e científica”, enfatizou Santos.
Desenvolvidos por cinco bolsistas de iniciação científica, os projetos promoveram a integração dos alunos dentro do ambiente escolar e na comunidade.
Os estudos realizados na escola foram coordenados por professores que não tinham experiência com projetos de pesquisa, mas toda a metodologia foi realizada com a com a participação dos estudantes. “Foi criado um cronograma, realizamos o levantamento socioeconômico, elaboramos e aplicamos as entrevistas com as famílias dos demais alunos da escola e tabulamos os dados coletados”, explica a gestora quando questionada sobre o trabalho em conjunto.
Conheça os projetos
Um dos projetos realizados foi “A cultura alimentar amazônica: produzindo e reproduzindo a cultura alimentar na escola”, coordenado pela professora Raimunda Santos, para conhecer a cultura alimentar dos moradores da comunidade Bela Vista, no que diz respeito a frutas, verduras e hortaliças, reproduzindo-as no terreno da escola e utilizando-as na merenda escolar.
Segundo Santos, todos os alunos participam da limpeza da horta e colheita de hortaliças. “Os projetos promoveram uma integração que não existia entre os alunos. Acabaram os casos de agressão e de violência. Agora, todos se ajudam por um bem comum – o desenvolvimento do ensino”, disse a gestora.
Outro estudo desenvolvido foi o da “Escola Ecológica”, sob coordenação do professor José Francisco Santana, propunha desenvolver a consciência ambiental nos alunos para que esses sejam multiplicadores na comunidade dos conceitos e cuidados com o meio ambiente e a importância de conservação dos recursos naturais.
O outro projeto que estimulou o desenvolvimento dos estudantes em sala de aula foi o estudo “Ensino da Matemática através de Jogos e Brincadeiras”, coordenado por João Oliveira Filho, que buscou construir conhecimento matemático a partir dos elementos lúdicos presentes na cultura da comunidade Bela Vista, em brincadeiras de rua, brinquedos e jogos tradicionais.
“Os alunos perceberam suas potencialidades e conseguiram superar todas as exigências. As notas e assiduidade melhoraram muito, o comportamento em sala, enfim, o apoio na escola em todos os sentidos”, finalizou Santos.
Camila Carvalho e Ulysses Varela – Agência FAPEAM