Tuberculose recebe atenção de instituições de fomento à pesquisa
Hoje, dia 24 de março, é comemorado o Dia Mundial de Combate a Tuberculose. Apesar de ser um dia especial, não há muito o que comemorar no Brasil e no mundo. Segundo o Portal da Saúde, atualmente cerca de 1/3 da população mundial sofre com a doença, o que representa 9,2 milhões de pessoas infectadas a cada ano. A data é, na verdade, uma forma de mobilização mundial, nacional e local para envolver todas as esferas públicas e setores da sociedade na luta contra a enfermidade.
No Brasil, a doença segue o ritmo mundial. Para se ter uma ideia, o Amazonas é o Estado que figura com o maior índice de infecção, com 68,93 casos a cada 100 mil habitantes, ultrapassando os Estados do Rio de Janeiro (66,56), Pernambuco (47,69) e Pará (43,05).
Em entrevista concedida à Revista Amazonas Faz Ciência, a doutoranda em Medicina Tropical pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e epidemiologista Marlúcia Garrido destacou que a cidade de Manaus concentra 70% dos casos diagnosticados no Estado. “Isso indica que o crescimento local da doença não tem a ver com as distâncias de comunidades do interior, mas com o abandono do tratamento e a falta de diagnóstico adequado”, explicou.
Os mais atingidos pela tuberculose são os povos indígenas, portadores de HIV, presidiários e moradores de rua. Porém, além destes, as populações mais carentes e isoladas também são alvos da doença. Neste sentido, especialistas na área indicam um importante caminho para sanar esta situação: desenvolver pesquisas voltadas para diagnosticar fatores da tuberculose. É o caso de Garrido, que desenvolve a pesquisa “Multirresistência primária aos tubérculos táticos em Manaus”, dentro do Programa de Pós-Graduação de Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
Incentivos
Para tentar amenizar a situação, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) e Ministério da Saúde por meio do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit), sai na frente com incentivo e apoio a pesquisas voltadas para combater a doença. Ao todo o edital do Programa Pesquisa para o SUS: Gestão – Compartilhada em Saúde (PPSUS), previa um aporte de até R$ 3 milhões, sendo R$ 2 milhões do MS e R$ 1 milhão da FAPEAM.
Além dessa iniciativa, a Fundação está em negociação para firmar parceiras com as FAPs do Rio de Janeiro (Faperj) e de Minas Gerais (Fapemig), com o objetivo de lançar um programa para o desenvolvimento pesquisas cooperativas entre os três Estados.
O primeiro encontro aconteceu no último dia 5 em Manaus, na sede da FAPEAM, e contou com representantes das Fundações e pesquisadores de ambos os Estados que delinearam ações conjuntas para a realização de projetos direcionados à doença, a fim de produzir melhores resultados em menor espaço de tempo.
Segundo o diretor-presidente da FAPEAM, Odenildo Sena, essa integração com pesquisadores do Rio do Janeiro e Minas Gerais é um dos pontos positivos para o avanço dos estudos sobre a tuberculose. “Nós temos que somar esforços com profissionais especializados e bons investimentos de modo que os pesquisadores possam trabalhar em conjunto e chegar a algum resultado”, afirmou.
A próxima reunião acontece nesta sexta-feira, 26, no Rio de Janeiro, logo após a celebração de aniversário da Faperj, com o intuito de acertar os últimos detalhes das articulações do edital para o combate à tuberculose.
Na reunião, os detalhes sobre a elaboração do edital e o volume de recursos serão definidos. A soma dos investimentos das Fundações, em prol das pesquisas em tuberculose, pode alcançar cerca de R$ 6 milhões. A meta é que o edital seja publicado até o mês de abril e executado entre o segundo semestre de 2010 e o ano de 2011, com duração de três anos.
Sobre a Tuberculose
A tuberculose é uma doença causada pelo Bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis), que afeta vários órgãos do corpo, principalmente os pulmões. É transmitida pelo ar, quando o paciente tosse, fala ou espirra.
Os principais sintomas são tosses prolongadas, cansaço, emagrecimento, febre e sudorese noturna. Estima-se que a bactéria causadora tenha evoluído há 15 mil ou 20 mil anos, a partir de outras bactérias do gênero Mycobacterium.
Foto 1 – Arte (Divulgação)
Foto 2 – Reunião na Fapeam com presidentes das FAPs (Ricardo Oliveira)
Kelly Melo – Agência Fapeam
(Com informações da Revista Amazonas Faz Ciência e Faperj)