Estudo realizado com apoio da Fapeam pretende auxiliar no diagnóstico precoce da hanseníase
De acordo com a pesquisadora, o objetivo do estudo, além de diagnosticar precocemente a doença, é entender o porquê de certos indivíduos apresentarem quadros mais graves do que outros
Pesquisadora da Fundação Alfredo da Matta (Fuam), a bióloga Fabíola da Costa Rodrigues está desenvolvendo um estudo com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), para elaborar um painel com marcadores genéticos que auxiliem na identificação precoce do risco de adoecimento de pré-disposição à hanseníase e que possam auxiliar no diagnóstico clínico.
O projeto de pesquisa é desenvolvido no âmbito do Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR/AM) da Fapeam. Segundo a pesquisadora, este estudoirá ajudar a identificar polimorfismos (variações genéticas distribuídas ao longo do genoma) em diferentes genes e, assim, montar um painel genético que seja possível detectar quais as regiões no DNA conferem uma maior chance de risco de desenvolver a doença.

Fabíola Rodrigues informou que um banco com 1.030 controles de indivíduos saudáveis foi criado para o estudo e as análises continuam sendo realizadas em pacientes com a doença.
As análises estão sendo realizadas em pacientes atendidos na Fuam e em pessoas saudáveis que passam por um minucioso exame de pele. De acordo com a pesquisadora, o objetivo do estudo, além de diagnosticar precocemente a doença, é entender o porquê de certos indivíduos apresentarem quadros clínicos mais graves do que outros.
“Hoje nós já sabemos que a genética (os polimorfismos genéticos) do paciente tem um papel significativo no desfecho da doença. Ao compararmos os polimorfismos de indivíduos saudáveis com os de pacientes (de diferentes quadros clínicos), conseguimos verificar por que algumas pessoas adoecem e outras não, ou, por que algumas pessoas desenvolvem um quadro mais grave ou mais brando da doença”.
“Além da investigação desses polimorfismos, estamos buscando metodologias mais sensíveis e específicas, para detectar a presença do DNA de M.leprae (bactéria responsável pela hanseníase) em pacientes de difícil diagnóstico e em familiares de pacientes que não apresentam qualquer sinal da doença. Com o diagnóstico precoce, é possível quebrar o ciclo da hanseníase e evitar que ela se agrave e cause danos na pele e nos nervos.” O estudo é desenvolvido em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, e conta com dois Pesquisadores Visitantes Sêniores (PVS), com aporte financeiro da Fapeam para pesquisas, em conjunto com a Fuam.
“Além dos PVS da Fiocruz, do Rio de Janeiro, é importante frisar o grande incentivo que recebemos da Fapeam, não somente nesse projeto, mas em outros projetos em andamento no laboratório, bem como as bolsas de estudo. Acredito que 90% dos recursos que recebemos vêm da Fapeam e isso é essencial para desenvolvermos nossas pesquisas”, afirmou a pesquisadora.
Atendimento
Fabíola Rodrigues informou que um banco com aproximadamente 1.300 amostras, entre indivíduos saudáveis e pacientes com hanseníase, foi criado para o estudo. . De acordo com a pesquisadora, cerca de 300 pacientes estão recebendo atendimento e tratamento da hanseníase na Fundação Alfredo da Matta e participam do projeto de pesquisa. Ela ressalta a importância da busca pelo tratamento.
“A hanseníase é uma doença curável e tem tratamento gratuito. Como é uma doença de manifestação lenta, os sintomas podem demorar alguns anos para aparecerem. O que geralmente acontece é que pode surgir uma manchinha na pele ou uma perda de sensibilidade, e a pessoa não dá importância. Porém, essa mancha pode aumentar, mudar de forma, cor ou ficar dormente em outras regiões do corpo e é quando as pessoas vão procurar o dermatologista. O problema é que, às vezes, a doença está em um nível mais avançado e pode comprometer alguns órgãos. Sendo diagnosticado com hanseníase, o paciente precisa tomar um conjunto de antibióticos, por um período de aproximadamente 1 ano e ele não pode ser interrompido pois isso atrapalha a eficiência do tratamento. É importante ressaltar que os contatos domiciliares dos pacientes também precisam ser acompanhados na FUAM, já que fazem parte do grupo mais suscetível a desenvolver a doença, mesmo que não tenham qualquer sintoma visível”, disse a pesquisadora.
Ada Lima / Agência Fapeam
Fotos: Lana Santos / Agência Fapeam