Estudo aborda implantação de curso superior em música em Manaus
De acordo com sua capacidade de percepção, a música, com maior ou menor intensidade, desperta emoções e sentimentos na vida do ser humano. Ela se torna então uma fonte para transformar o ato de aprender em uma atitude prazerosa, principalmente no cotidiano do professor e do aluno.
Para entender como se deu a criação e a trajetória do Conservatório de Música Joaquim Franco (CMJF) em Manaus, a pesquisadora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Hirlândia Milton Neves, desenvolveu um estudo intitulado “Implementar uma instituição de formação musical: uma história do conservatório de música Joaquim Franco”, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) por meio do Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Estado do Amazonas (RH–Posgrad).
Em dois anos de pesquisas no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sob a orientação da professora doutora Luciana Del Bem, a pesquisadora verificou quais decisões pedagógico-musicais e administrativas foram tomadas na trajetória da instituição, além das transformações ocorridas no período de implantação do conservatório em Manaus.
“A intenção de seus idealizadores era dar vida a uma instituição pública de ensino de música que viesse a formar músicos profissionais e contribuir com o desenvolvimento cultural e musical de Manaus”, disse Hirlândia.
CAUA
A primeira instituição que implementou um curso superior voltado para música em Manaus foi o Conservatório por meio da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
Criado pelo Governo do Estado em 1965 e transformado em Setor de Artes em 1987, o CMJF atualmente configura-se como o Centro de Artes Hahnemann Bacelar (CAUA) da UFAM, localizado na Rua Monsenhor Coutinho, 724, no Centro da cidade.
De acordo com Hirlândia Neves, com o estudo foi possível identificar a preocupação de muitos professores de música em organizar uma instituição que possibilite a formalização do ensino, abrindo caminhos para a continuação em nível superior.
“Na condição de educadores musicais, nos deparamos com a necessidade de sermos documentaristas de nossa prática, de preservarmos os vestígios da educação musical”, frisou.
A principal dificuldade encontrada no desenvolvimento da pesquisa foi o acesso aos documentos devido às más condições de conservação, além da perda de muitos deles nos arquivos públicos.
“Já que os arquivos são fundamentais para se investigar vestígios históricos, os documentos escritos são importantes para a compreensão histórica de uma instituição”, declarou.
“A reflexão do que foi realizado acerca do ensino de música até então gera novos projetos e ações pedagógico-musicais que podem ser implementadas”, disse.
Trajetória do Conservatório em Manaus
Concebido como uma instituição, o Conservatório teria a incumbência de oferecer curso superior em música. No entanto, iniciou suas atividades de ensino apenas com cursos de nível básico, nos quais participaram crianças, jovens e adultos.
Passados três anos de sua implementação, transferiu-se para a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), porém mesmo na esfera da Universidade, não pode oferecer o curso superior. No entanto, por meio de seus professores, foi possível criar o Curso de Educação Artística, tendo, posteriormente, cedido lugar ao Curso de Licenciatura em Música.
Camila Carvalho e Marcelo Vasconcelos – Agência Fapeam