Sobrecarga de trabalho pode contribuir com aumento do estresse


Taquicardia, hipertensão arterial súbita e passageira, tensão muscular, aumento da sudorese, boca seca, mãos e pés frios. Esses alguns dos sintomas que o indivíduo com estresse pode apresentar, um mal que acomete cerca de 80 milhões de brasileiros. O controle das emoções é um dos grandes desafios que os profissionais enfrentam, uma vez que a sobrecarga do trabalho é um dos fatores que contribui para o desencadeamento da doença.

Segundo a pesquisadora Maria das Graças Marrocos de Oliveira, professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o trabalho dos docentes da área de Saúde, por exemplo, envolve uma forte carga emocional. Ela explicou que o problema é que vida e morte se misturam, compondo um cenário desgastante e, às vezes, frustrante.

Doutora em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (USP), ela conduziu uma pesquisa sobre o nível de stress em profissionais docentes da área de Saúde no Amazonas. A pesquisa contou com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

Apesar desses fatores estressantes, Oliveira disse que somente 22,4% dos docentes apresentaram estresse excessivo e o estado de sobrecarga não tem interferido na qualidade de vida. Além dos sintomas mencionados anteriormente, ela informou que esse mal pode se manifestar por mudanças de apetite, aumento súbito de motivação, insônia, entusiasmo súbito, entre outros simtomas.

Segundo os resultados apontados na pesquisa, o trabalho docente em si, o ambiente e as condições de trabalho foram considerados pelos docentes pesquisados os fatores mais estressantes. “Como a qualidade de vida mensurada no instrumento mede as interferências físicas, psíquicas, meio ambiente e as relações pessoais no trabalho, os docentes apresentaram boa qualidade de vida”, informou.

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De acordo com a pesquisadora, os resultados encontrados na análise estatística foram que, entre as variáveis sócio-demográficas, docentes sem filhos não apresentaram estresse, e os profissionais que sentem que o trabalho é um fator muito estressante e aqueles que percebem o ambiente e as condições de trabalho como muito estressantes apresentaram manifestações altas de estresse.

“A pesquisa foi baseada em instrumentos disponibilizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), usados para medir a qualidade de vida. A ferramenta é composta por 26 questões e quatro domínios (físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente). O escore de cada domínio é obtido numa escala positiva, isto é, quanto mais alto, melhor a qualidade de vida naquele domínio”, frisou.

Até a década de 1970, conforme Oliveira, os docentes trabalhavam apenas nas salas de aula e, alguns privilegiados, eram destinados a recursos para pesquisa. Hoje, todavia, além das atividades de ensino – planejar e desenvolver pesquisa, elaborar e executar projetos de extensão e, especificamente, em relação aos docentes da área da saúde, prestar assistência à população em todos os níveis de atenção – ele também é chamado para desenvolver atividades administrativas.

“A política educacional do Governo Federal para as universidades promoveu nas últimas décadas um enorme sacrifício aos docentes que estão nas salas de aula. Cresceu o número de alunos em 50% e os professores continuaram os mesmos. A política de não contratação de novos professores para substituir os que morriam ou se aposentavam também contribuiu para o aumento do estresse pela sobrecarga de trabalho”, destacou.

 

 

Luís Mansuêto – Agência Fapeam

 

 

 

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