Estudo aborda a importância da família na educação


Doutoranda em Psicologia pelo convênio firmado entre a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCL/USP), em Ribeirão Preto, a pesquisadora Maria do Céu Câmara Chaves vem desenvolvendo um estudo sobre a educação e a família no Amazonas.

Atualmente, a educadora e professora da Universidade Federal do Amazonas conta com mais de dez anos de pesquisas, estudos e participações em congressos, analisando como as famílias representam a prática do direito à educação, considerando que este direito é condição fundamental para formar um indivíduo participativo, ativo, responsável e comprometido com a sociedade em que vive.

Nesta entrevista exclusiva para a Agência Fapeam, ela fala sobre a produção e socialização do conhecimento, as dificuldades ainda existentes para se desenvolver pesquisas no Estado, os ideais alcançados em seus projetos envolvendo os processos educativos desenvolvidos e em desenvolvimento na região amazônica e da importância do apoio concedido pela Fapeam na formação de mestres e doutores

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Agência Fapeam –  Como a senhora avalia os investimentos em pesquisas em um Estado com dimensões tão grandes como o nosso?

Maria do Céu Chaves  –  A presença da Fapeam estabeleceu um marco histórico no cenário da pesquisa em nosso Estado, através da criação de vários meios de acesso às fontes de financiamento.  Ampliou a perspectiva de continuidade de estudos pós-graduados nos docentes das universidades e de outras instituições. É gratificante ver que doutores formados recentemente, já não enfrentaram as mesmas dificuldades financeiras que, há dez anos, impediram muitos professores de se deslocarem para dar continuidade à sua formação.

Agência Fapeam –  Qual foi o ponto de partida para suas pesquisas referentes às práticas educacionais?

MCC – O contato com a educação básica em todas as suas etapas atuando como professora, orientadora educacional, associado à formação inicial de professores na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), além da vontade de dar continuidade a pesquisa realizada no curso de mestrado, no município de Iranduba, no qual analisei a implementação de um projeto de Estado para populações rurais no Amazonas, isso me conduziu à necessidade  de saber qual a compreensão das famílias das camadas populares sobre o direito à educação. Esta questão desencadeou outras que motivaram  o meu ingresso no programa de doutorado o qual participo.

Agência Fapeam –  Quanto ao processo educacional no interior do Amazonas, qual sua avaliação?

MCC – Presenciamos de alguns avanços  com os investimentos feitos na formação dos professores em nível superior, na ampliação da rede escolar para a educação básica, na implantação das unidades acadêmicas em pólos de aglutinação de vários municípios o que facilitou o acesso ao ensino superior. Não obstante a esses avanços, a escola tem se constituído em uma constante reivindicação das populações ribeirinhas.  

Agência Fapeam –  Qual papel a escola deve representar para essas comunidades, além de um local de aprendizagem?

MCC – Em primeiro lugar, para as comunidades ribeirinhas a escola sempre foi privilégio de uma minoria e as oportunidades educacionais existentes se localizam sempre nos centros urbanos. Em segundo, a qualidade de ensino na escola pública sempre produziu um baixo rendimento, que se não é tão alarmante é porque o índice de alunos que freqüentam a escola sempre foi reduzido.  A escola reivindicada é vislumbrada pelas famílias ribeirinhas como o único meio de transformar seus filhos em “alguém na vida”, por isso ela tem que se tornar um local de aprendizagem, de tomada de consciência e de luta contra as desigualdades sociais.

src=https://www.fapeam.am.gov.br/arquivos/imagens/imgeditor/mariadoceu2.JPGAgência Fapeam –  Como são realizadas as tomadas de decisão para o processo educacional dessas populações?

MCC- De modo geral, as decisões são tomadas sem a escuta necessária e alheias às reais necessidades das famílias, embora sejam feitas em nome delas e, na maioria das vezes, a partir de pré-concepções sobre a realidade e especificidade do campo onde estão inseridas.

Agência Fapeam –  E qual a saída para os problemas?

MCC – Conhecer a realidade sociocultural em sua complexidade, rever as concepções fundadas em pressupostos neoliberais, que minimizam a responsabilidade do Estado na garantia de uma educação de qualidade para todos de fato, são pontos de partida. Compreendendo o que significa e assumindo a perspectiva da educação como direito de todos e obrigação do Estado.

Agência Fapeam –  Há atualmente algum modelo pedagógico que atenda às necessidades do ensino-aprendizagem?

MCC – Vivemos durante muitos anos numa escola que somente valorizava a resposta pronta e acabada e não ensinou a perguntar, somente a responder. Ressalto, por exemplo, a relevância do Programa Ciência na Escola, pois sua inserção no Ensino Fundamental e Médio pode produzir um avanço significativo na formação de uma atitude científico-pedagógica na prática docente e nos estudantes já na educação básica.

Agência Fapeam –  Qual a importância da FAPEAM nesse processo educacional?

MCC – A FAPEAM tem proporcionado o aumento do número de mestres e doutores nas nossas universidades e outras instituições de ensino e/ou de pesquisa e esse fato tem redundado em mudanças significativas tanto no conhecimento que se produz, quanto na prática docente que desenvolvem.

Camila Carvalho e Marcelo Vasconcelos – Agência Fapeam

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