Desmatamento e emissão de CO2 são temas comuns na mídia
A presença dos elementos “desmatamento”, “emissão de CO2” e “sustentabilidade” na abordagem jornalística do tema "aquecimento global" são recorrentes. Os dois primeiros quase sempre são associados à concepção de “vilões” do clima. O próprio termo “vilão” é uma palavra bastante utilizada na textualização jornalística, o que torna a cobertura problemática, uma vez que a discussão passa a girar em torno de “quem é culpado” e não de “o que ainda é possível fazer”.
De acordo com a pesquisadora Ana Paula Freire, servidora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e doutoranda pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), houve uma reconfiguração na postura da comunidade científica, com o intuito de aproveitar o espaço na mídia para mobilizar a sociedade em torno de questões ambientais.
Com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), Freire analisa o discurso da mídia sobre a questão do aquecimento global. Ela disse que, inicialmente a ideia era trabalhar apenas com o discurso sobre a preservação da Amazônia, todavia se verificou a importância da ampliação do tema, no caso, aquecimento global, que também envolve a preservação da floresta.
A pesquisa propõe a análise desse debate na imprensa brasileira a partir de dois eventos mundiais: o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), divulgado em fevereiro de 2007; e o novo acordo internacional sobre mudança climática, que foi discutido na reunião da cúpula da ONU, na cidade de Copenhague, em dezembro de 2009.
No caso, segundo ela, o primeiro evento é científico e, o segundo, político. Por isso, é importante verificar em que medida a ciência norteia decisões políticas em relação ao aquecimento.
“Sem dúvida, o papel da imprensa tem sido fundamental, ainda que a cobertura seja, às vezes, problemática, na medida em que tenta criar embates e fica buscando vilões e heróis. Mas discutir o papel da imprensa é sempre oportuno, ainda mais acerca de um tema tão atual e importante”, afirmou.
De acordo com a pesquisadora, a imprensa é um espaço privilegiado de (re) produção e legitimação de sentidos, e sua contribuição na cobertura de determinados temas pode se refletir em políticas públicas e práticas sociais importantes.
RH-Doutorado
O objetivo do programa é conceder bolsas de doutorado a profissionais interessados em realizar curso de pós-graduação stricto sensu em Programa de Pós-Graduação recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em outros Estados.
Freire foi uma das selecionadas pelo programa RH-Doutorado em 2008, que disponibilizará, ao longo de sua pesquisa, um investimento de cerca de R$ 128 mil. “O investimento da FAPEAM é fundamental para que os pesquisadores tenham condições de fazer um curso fora do Estado. É muito mais tranquilo fazer o doutorado tendo condições financeiras confortáveis. Contudo, a maior contribuição da instituição é fazer com que o Amazonas dê um salto de qualidade na formação de recursos humanos. Sinto-me privilegiada por participar do programa e tenho orgulho de mencionar que sou bolsista da FAPEAM em todos os eventos de que participo”, ressaltou.
(Foto 2 – Ricardo Oliveira)
Luana Gomes e Luís Mansuêto – Agência Fapeam