Transmissor da malária está na mira dos pesquisadores


A edição desta quinta-feira (04/02) da revista Nature publicou uma boa notícia para milhões de pessoas que vivem nos países tropicais e correm risco de contrair malária. 
 

O artigo, fruto de um estudo feito nos Estados Unidos por pesquisadores das universidades Yale e Vanderbilt, descreve a descoberta de mais de duas dúzias de receptores em mosquitos transmissores da malária que atuam na detecção do suor humano. Segundo os autores, a descoberta pode ajudar no desenvolvimento de novas formas de combater a doença, que mata cerca de 1 milhão de pessoas anualmente.

/O motivo é que os receptores olfativos do Anopheles gambiae oferecem novos alvos potenciais para repelir, confundir ou atrair o mosquito para armadilhas.

“O mundo precisa desesperadamente de novas maneiras para controlar esses mosquitos que se mostrem eficientes, baratas e não prejudiciais ao meio ambiente. Alguns desses receptores podem se tornar alvos excelentes para o controle do comportamento desses mosquitos”, disse John Carlson, professor em Yale e líder da pesquisa.

Embora se saiba há tempos que os mosquitos são atraídos pelos odores corporais humanos, como o sistema olfatório dos mosquitos detecta esses diferentes elementos químicos é algo desconhecido.

“Os mosquitos nos encontram pelo olfato, mas pouco sabemos como isso ocorre. Aqui nos Estados Unidos os mosquitos são fonte de irritação, mas em grande parte do mundo eles são fontes de morte”, disse Carlson.

O cientista identificou os primeiros receptores de odores em insetos em 1999, em pesquisa com a mosca-da-fruta (Drosophila). Seu grupo, então, descobriu uma maneira engenhosa de usar esse inseto para estudar como funciona o sistema olfatório do mosquito.

Os pesquisadores produziram moscas geneticamente modificadas sem receptores de odores. Em seguida, ativaram genes de 72 receptores olfativos do anófeles em células de drosófilas que não tinham esses receptores.

As moscas resultantes foram expostas a diversos tipos de odores e as respostas relacionadas a cada receptor foram analisadas. Durante a pesquisa, foram registrados mais de 27 mil respostas, que foram reunidas em uma biblioteca de odores.

Os cientistas observaram respostas particularmente fortes em 27 receptores, a maioria dos quais respondia a componentes químicos encontrados no suor humano.

“Agora estamos pesquisando componentes que interajam com esses receptores. Compostos que confundam esses receptores, por exemplo, podem ser usados para diminuir a capacidade de o mosquito encontrar o homem. Ou compostos que os estimulem podem atrair os insetos para armadilhas”, disse Carlson.

O artigo Odorant reception in the malaria mosquito Anopheles gambiae, de John Carlson e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.

Fapeam e Rede Malária

 

/Aqui no Brasil, os pesquisadores Wanderli Pedro Tadei, vice-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), e Graça Alecrim, da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM), integram o time de pesquisadores contemplados na primeira chamada do Subprograma Temático do Programa de Apoio aos Núcleos de Excelência (Pronex-Rede Malária), a Rede de Pesquisa em Malária.

A rede é formada por 16 pesquisadores dos mais produtivos no estudo do mosquito no Brasil, que dividem recursos da ordem de R$ 15 milhões.

A Rede Malária surgiu de uma iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e resultou de convênio firmado entre Governo do Estado do Amazonas, via Fapeam, Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), via Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério da Saúde (MS), via Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit), e as FAPs do Maranhão, Pará, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Ações

Dentre os parceiros que participam da sub-rede formada pelo projeto coordenado por Wanderli Tadei na Rede Malária estão pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade Estadual de Campinas, via Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), Fundação de Vigilância Sanitária (FVS) e da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM).

A FMT-AM avaliará aspectos da doença junto à sociedade, de acordo com ênfase em ações de pesquisadores. A Unicamp trabalhará a nanotecnologia e a prospecção de novas substância com atividades inseticidas, tendo em vista potencializar a geração de novos produtos que possam combater de modo mais eficaz a ação dos vetores.

O Inpa, por sua vez, atuará no sentido de avaliar as correlações entre as alterações ambientais globais e o aumento da resistência dos mosquitos a repelentes, além da associação sugerida entre a mudança no ciclo hidrológico na Amazônia e a modificação nas “estações de pico” de malária no bioma.  

(Fotos: Mosquito Anopheles (Divulgação) e Wandeli Pedro Tadei (Ricardo Oliveira/Fapeam)

Agência Fapeam

(com informações da Agência FAPESP)

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