Tese revela condições da saúde bucal em ribeirinhos de Coari
Levar ao gestor municipal informações sobre as condições de saúde bucal das populações ribeirinhas, no sentido de produzir conhecimentos úteis para construção de políticas públicas voltadas a essas comunidades. Essa é uma das propostas da pesquisadora Flávia Cohen Carneiro Pontes, com sua tese de doutorado intitulada “Condições de Saúde Bucal em Populações Ribeirinhas no Estado do Amazonas: um estudo de caso”, defendida em junho de 2009.
A pesquisa teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), com recursos advindos do Programa Amazonas de Apoio à Pesquisa em Políticas Públicas em Áreas Estratégicas (PPOPE), que visa incentivar, por meios de recursos financeiros, atividades de pesquisa induzida, que possam beneficiar a formulação e a implementação de produtos, processos e inovações tecnológicas vinculados às Políticas Públicas do Amazonas.
O projeto descreveu as condições de saúde bucal e analisou os fatores associados ao processo saúde-doença em duas comunidades rurais ribeirinhas do município de Coari, no interior do Amazonas. Uma mais próxima da sede municipal, denominada Isidoro e outra, mais distante, Paulo Sodré. Foram analisados 378 indivíduos em três anos e meio de pesquisa e as conclusões apontam para a necessidade de implantação de medidas amplas de promoção à saúde, aliada a maior oferta de serviços nessas localidades.
De acordo com a pesquisadora, a população ribeirinha representa um importante contingente populacional de determinados municípios. Em Coari, 33% da população são de ribeirinhos. Por outro lado, o que se constata é a ausência absoluta de dados referentes a esse segmento do interior, o que contribui para dificultar qualquer tipo de intervenção pública nessas áreas.
“Por isso houve a necessidade de se elaborar um estudo mais sistemático referente aos ribeirinhos e de como é o acesso dessas pessoas aos serviços de saúde bucal”, explicou a pesquisadora.
A solução, segundo Cohen, é que as comunidades, com baixo acesso ao serviço de saúde, devam priorizar o aumento de atendimento, com os barcos circulando com maior frequência nesses locais. “Os barcos não são responsáveis pela promoção da saúde bucal, mas minimizam muito os problemas dos ribeirinhos”, frisou.
Outra medida apontada pela pesquisadora consiste na valorização e capacitação continuada de agentes de saúde para que possam auxiliar a comunidade. Por último, o uso do flúor. “Sabe-se que o flúor foi a medida que teve maior impacto na redução de cárie, mundialmente”, destacou.
“Nós, como pesquisadores, temos a função limitada no sentido de mudar a realidade que observamos. Nosso objetivo é tentar dar base para o gestor municipal mudar tal situação”, declarou Cohen.