Pesquisa ajuda a detectar baixa visão entre estudantes


O alcance social do Programa Ciência na Escola (PCE) realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) vai além do estímulo aos estudantes da educação básica para participar da iniciação científica. Isso foi comprovado durante a ‘1ª Mostra Científica’ realizada em Parintins (AM), distante 325 km em linha reta de Manaus, no início de dezembro, por meio do projeto “Quando Falta a Visão”, desenvolvido por alunos e professores da Escola Estadual Brandão de Amorim.

O objetivo do projeto foi identificar os alunos com o problema da baixa visão, que impede progresso de estudantes em sala de aula e que normalmente passa despercebido na própria escola e na família, para que num segundo momento fossem encaminhados para tratamento. 

Para a coordenadora da pesquisa, professora Édila Farias Ribeiro, que atua na sala de reforço escolar, na maioria das vezes a falta de conhecimento sobre o problema pelo próprio professor faz com que este tire conclusões deturpadas acerca dos motivos do mau desempenho dos alunos, o que o leva a rotulá-los como preguiçosos ou desinteressados, enquanto na verdade tudo parte do problema visual.

“A necessidade dessa pesquisa se deu após percebermos a deficiência que a escola tem para atender esses alunos. Como a maioria dos professores desconhece o problema, há uma necessidade de divulgação e uma ação para reverter o quadro”, disse.

Pesquisa

Na prática, os professores e estudantes envolvidos com a pesquisa realizaram estudos sobre o tema e na sequência fizeram uma triagem entre os alunos de toda a escola para identificar quantos apresentavam a baixa visão e consequentemente o baixo rendimento escolar, por meio de testes de acuidade visual.

“Observamos que na maioria das vezes a baixa visão levou ao baixo rendimento escolar. Entrevistamos cerca de 50 famílias de estudantes selecionados, destas, a metade afirmou já ter ouvido queixas dos filhos sobre dor de cabeça, irritação na vista e dificuldade de leitura, mas nunca associaram o problema à baixa visão”, explicou.

Solução do Problema

Para reverter o quadro e ajudar as famílias, o projeto identificou e encaminhou cerca de 28 estudantes para exames com especialistas, o que resultou na simples indicação do uso de óculos ou exames mais complexos e cirurgias em Manaus.

O projeto teve um efeito tão satisfatório na escola Brandão de Amorim, tanto na divulgação do problema entre professores e alunos quanto na resolução dos casos identificados, que várias pessoas e outras escolas do município solicitaram a presença dos pesquisadores para executar o trabalho, realizar o diagnóstico e ajudar a resolver a dificuldade da baixa visão.

Para a estudante e bolsista do PCE, Tyciane Pontes de Araújo, ter participado do projeto foi fundamental para o seu desenvolvimento enquanto pessoa e estudante, pois pôde aprender um pouco mais sobre um problema sério e comum nas escolas, mas que é fácil de ser detectado quando se tem um conhecimento básico.

“Além de pesquisar na internet, tivemos a oportunidade de trabalhar com os alunos envolvendo toda a escola. Com o PCE, eu, meus colegas e os professores envolvidos percebemos que a pesquisa é fundamental para que possamos nos aprofundar num assunto e ajudar na solução de um problema. Hoje, eu faço Pedagogia e esse aprendizado vai me ajudar muito na minha profissão, ainda mais quando for trabalhar com educação especial”, ressaltou  a estudante.

Segundo a coordenadora do projeto, a ideia é dar continuidade às pesquisas, levando os resultados a outras escolas para ajudar um número maior de professores e alunos.

O projeto “Quando Falta a Visão” foi um dos 28 projetos que apresentaram os resultados após seis meses de atividades em Parintins. O PCE, em sua terceira edição, contou com a participação de 17 municípios do interior do Amazonas e está com o edital aberto para a seleção de novas propostas até o dia 22 de dezembro.

Veja o edital completo aqui.

 
Ulysses Varela – Agência Fapeam

 

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