Pesquisas buscam melhorias para leishmaniose no AM
Com 45% de incidência de casos na Região Norte, a leishmaniose é uma preocupação constante em pesquisas desenvolvidas no Estado do Amazonas. É nesse sentido que estudantes da área de biologia e medicina veterinária, em esforço conjunto, buscam a aplicação de novas metodologias para o diagnóstico mais eficaz e preciso da doença, bem como avaliar os níveis de infecção natural do vetor.
Trata-se de duas pesquisas de iniciação científica apresentadas, até sexta-feira, 23, ao público que comparecer à Tenda da Ciência, das 8h30 às 17h, como parte da programação da 6ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. A exposição está montada na quadra do Colégio Estadual Dom Pedro II, no Centro.
Os trabalhos, que começaram a ser desenvolvidos neste semestre, são realizados no Laboratório de Leishmaniose e Doença de Chagas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
A bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic/CNPQ), Jéssica Sidou, sob a orientação da pesquisadora do Inpa, Antônia Franco, está atuando desde agosto passado no projeto “Diagnóstico molecular para Leishmaniose guianenses na Região Norte do Brasil”. “Estamos aplicando a técnica de Reação de Polimerase em Cadeia (PCR) para a extração e amplificação do DNA do protozoário causador da doença”, disse a estudante de Biologia do UniNorte.
A coleta de materiais em humanos é feita no município de Rio Preto da Eva, onde há uma grande incidência da doença, e analisados criteriosamente no Inpa, em Manaus. “A proposta da pesquisa é contribuir para a melhoria do atendimento na rede pública de saúde, pois a análise molecular eleva o nível de diagnóstico da doença”, afirmou a jovem pesquisadora.
Atualmente o diagnóstico é feito por meio de biópsias, o que aumenta o risco de contaminação e chega a 15 dias para ficar pronto. Com a análise do DNA, o resultado do exame é concluído em até 24 horas e apresenta menor fator negativo, ou seja, maior exatidão. Por se tratar de uma inovação, a aplicação do PCR requereria grandes investimentos para implantação na rede pública. A equipe de pesquisadoras não precisou o montante necessário.
Taxa de infecção
Por sua vez, a bolsista do Pibic/Fapeam, Natália Fereira trabalha no projeto “Avaliação da taxa de infecção natural de Flebotamíneo tripanossomotídeos em áreas de transmissão humana e canina” com o objetivo de verificar onde há ocorrência do mosquito palha (vetor da leishmaniose) na capital amazonense.
Com a orientação da médica veterinária e pesquisadora do Inpa, Sônia Reis, a estudante está há três meses coletando o vetor em áreas de Manaus. “Observamos que há ocorrência principalmente na zona Leste, por conta da vegetação preservada naquela área”, disse a estudante de medicina veterinária da UniNilton Lins.
Em 2008, Sônia concluiu que essa zona é a que concentra maior incidência da doença em cachorros. O resultado pode ser conhecido na tese de doutorado Diagnóstico biológico e molecular de Leishmania tegumentar americana em cães domésticos no município de Manaus”.
Para chegar a esse levantamento, ela analisou um universo de 600 cães de todos os bairros da capital. Agora, o levantamento está sendo feito para aplicação de medidas preventivas a partir da identificação das áreas de risco da leishmaniose.
A pesquisadora destaca que no Amazonas, ocorre apenas a leishmaniose tegumentar que causa lesões na pele (mais frequentemente ulcerações) e, em casos mais graves, atacam as mucosas do rosto, como nariz e lábios (leishmaniose mucosa).
A orientadora do projeto destacou ainda que a pesquisa vai comprovar se a transmissão da doença ocorreu ou não nas áreas onde os mosquitos foram encontrados. “A partir dessas informações, pode-se tomar medidas de controle e prevenção da doença nessas áreas”, frisou.
Controle
Devido ao tamanho minúsculo, encontrar na natureza larvas e pupas de flebotomíneos é tarefa extremamente difícil, por essa razão não há nenhuma medida de controle que contemple as fases imaturas, ao contrário dos mosquitos que colocam seus ovos nos meios aquáticos, possibilitando seu controle através das formas não aladas.
As medidas de proteção consistem basicamente em diminuir o contato direto entre humanos e os mosquitos. As orientações são o uso de repelentes, evitar os horários e ambientes onde esses vetores possam frequentar; a utilização de mosquiteiros de tela fina, e, dentro do possível, a colocação de telas de proteção nas janelas e também evitar o acúmulo de lixo orgânico.
Tenda da Ciência
A Tenda da Ciência é uma exposição de projetos científicos, que faz parte das atividades previstas na programação da 6ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, realizada no Amazonas, simultaneamente com todo país. A Tenda está montada na quadra do Colégio Dom Pedro II, conhecido como Estadual, localizado na Avenida Sete de Setembro, Centro. A visitação é aberta ao grande público das 8h30 às 17h, até a próxima sexta-feira, 23.
Sobre a 6ª Semana Nacional de C&T no Amazonas
A 6ª edição da Semana Nacional de Ciência Tecnologia no Amazonas iniciou nesta segunda-feira, 19, se estende até sexta-feira, 23, contando com 23 estandes no Clube do Trabalhador do Sesi, na zona leste de Manaus. Ao todo são mais de 4.000 atividades realizadas nos municípios do interior do Amazonas durante o evento. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) é a principal parceira, com um investimento de R$ 200 mil, seguida pela Petrobras (R$ 80 mil), Ministério da Ciência e Tecnologia (R$ 72,5 mil) e Sebrae (R$ 40 mil). Veja a programação completa no site: http://www.semanact.mct.gov.br.
Cristiane Barbosa – Agência Fapeam