Programa prevê estudo da biodiversidade
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) reuniu no último dia 23/9, em Brasília, membros da comunidade científica, do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA) para determinar estratégias de incentivo, ampliação e fomento à pesquisas sobre o patrimônio biológico do Brasil, que irão integrar o ano internacional da biodiversidade, a ser comemorado em 2010.
A discussão para criar um programa nacional de pesquisa sobre a biodiversidade buscou delinear uma ação de fomento à prospecção, conservação e uso desse patrimônio brasileiro, que preencha as lacunas de desenvolvimento científico nesta área e criar um plano de ação para a implementação do programa.
O nome provisório é "Plataforma Nacional de Pesquisas em Biodiversidade – Biota-Brasil". Além de nomear o programa, os participantes iniciaram a elaboração de documento-base que irá nortear sua criação. A minuta ainda será alterada, mas pontos como a necessidade de promover a articulação, bioprospecção e modelagem; conhecimento da biodiversidade; monitoramento dos padrões e processos relativos ao desenvolvimento de produtos, além de uma base de dados integrada, foram consenso na reunião.
Estima-se que de cada cinco espécies de organismos vivos na terra, uma encontra-se no Brasil, ou seja, entre 15% e 20% da biodiversidade mundial.
O presidente do CNPq, Marco Antonio Zago, falou sobre as ações idealizadas pela agência para integrar esse empreendimento. "Do ponto de vista do CNPq existem duas iniciativas. Uma delas diz respeito ao repatriamento de dados. A outra trata da criação de um programa nacional de pesquisa em biodiversidade, algo prático e administrável, que reúna competências em uma linha temática unificadora", disse.
O presidente ressaltou, ainda, a importância da integração para alcance dos objetivos comuns: "Nós temos que fazer uma opção. O que irá garantir continuidade ao programa é o consenso entre a comunidade científica".
Para o diretor de Biodiversidade da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA, Bráulio Dias, "nosso esforço ainda é muito fragmentado, precisamos de projetos aglutinadores".
Já a professora titular em Ecologia pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), Vera Lúcia Imperatriz Fonseca, destacou a necessidade de uma ação ordenada, integrada e mitigatória das alterações climáticas. "Hoje estamos sofrendo impactos gerados 40 anos atrás, precisamos estudar o efeito das mudanças nos biomas", afirmou.
Para Zago, existem pontos fundamentais que o programa deverá abordar: "É preciso englobar aspectos como ciência, formação de pessoal; divulgação e educação científica, além da fundamental criação de um banco de dados integrado".
Segundo o diretor de Programas Temáticos e Setoriais, José Oswaldo Siqueira, a discussão foi bastante produtiva. "É importante termos uma estratégia e hoje conseguimos avançar bastante. Esse é o papel do CNPq, a nossa meta é termos algo concreto até novembro". A atualização do documento que irá subsidiar a criação do programa deve ser terminada até o final desta semana.
Também participaram dos debates os pesquisadores Bruno Machado Teles Walter, da Embrapa Cenargen; Carlos Alfredo Joly, da Unicamp; Fábio Scarano, da Capes; Maria Luiza Braz Alves, coordenadora geral de Gestão de Ecossistemas do MCT; Mercedes Bustamante, da UnB; Thomas Michael Lewinsohn, da Unicamp; e Vanderlan da Silva Bolzani, da Unesp.
A reunião contou ainda com a participação de membros da área técnica do CNPq: a coordenadora geral do Programa de Ciências da Terra e Meio Ambiente, Eliana Fontes; o coordenador técnico do Programa de Pesquisa em Gestão de Ecossistemas, Everton Amâncio dos Santos; o coordenador técnico do Programa de Pesquisas Oceanográficas e Impactos Ambientais, Jorge Alexandre Carvalho da Silva; e a analista em Ciência e Tecnologia Silmary de Jesus Gonçalves Alvim.
Agência Fapeam
(com informações da Assessoria de Comunicação do CNPq)