Semente é estudada para tratamentos odontológicos


Bastante utilizada na confecção de biojóias, a Phytelepha macrocarpa, também conhecida como Jarina, está sendo alvo de uma pesquisa realizada por estudantes dos cursos de Odontologia, Medicina e Enfermagem da Escola Superior de Ciências da Saúde da Universidade do Estado do Amazonas (ESA/UEA), por meio do Programa Amazonense de Integração da Ciência no Interior (PAICI), iniciativa de apoio à pesquisa científica e tecnológica fomentada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

O grupo de bolsistas iniciou os trabalhos há doze meses, e o objetivo da pesquisa, intitulada “Análise das propriedades físico-mecânicas da Phytelepha macrocarpa,” é identificar se a resistência e a durabilidade da Jarina podem proporcionar a sua utilização em procedimentos odontológicos, como restaurações e canal. Os trabalhos estão sob a coordenação da professora Ana Paula Coelho Vieira.

 

Os primeiros resultados da pesquisa começaram a ser apresentados ontem durante a V Mostra do PAICI, realizada no auditório da Escola de Ciências da Saúde da UEA, no bairro Cachoeirinha, zona Sul de Manaus. A programação, que reúne a apresentação de 51 projetos viabilizados durante a quinta edição do programa, segue até hoje, sexta-feira, às 19 horas.

 

Alfa Célia Coimbra, aluna do nono período de Odontologia, destacou que ao longo da pesquisa o grupo identificou, por meio de testes laboratoriais realizados em Manaus e em São Paulo, que a Jarina mergulhada ao café por um período de 30 minutos pode ser limpa a partir do uso do hipocloreto de sódio (água sanitária), mas quando mergulhada por um longo período de seis horas a retirada da cafeína se torna impossível.

 

“Esse procedimento fez parte do processo em que avaliamos o potencial de rugosidade da Jarina, o que para nós foi positivo”, explicou a estudante.

 

A Jarina pode ser encontrada nas áreas do sudoeste e oeste do Amazonas. A semente é encontrada numa palmeira que cresce a uma altura de até cinco metros e que reproduz apenas seis frutos em que em cada um dos frutos são extraídas até nove sementes de jarina ou marfim vegetal como também ela é conhecida. No Acre, as raspas da jarina são bastante utilizadas no tratamento natural para diabetes, porém a coordenadora Ana Paula Vieira alerta para a não comprovação científica desse tipo de utilização.

 

Vieira ressaltou que as pesquisas deverão continuar, como os testes biológicos e a reação a outros organismos. Ela destacou que o apoio prestado pela Fapeam na realização dos primeiros estudos foi significativo para a obtenção dos resultados.

 

“A pesquisa é o que move uma faculdade e as bolsas representam um estímulo para esses estudantes. O Amazonas está começando a despontar na área de ciência e tecnologia a partir da viabilização de pesquisas como essa. Pesquisa desperta a curiosidade, mas para isso é preciso disciplina”, alertou Ana Paula.

 

O que é o PAICI

 

O PAICI é um programa que tem o objetivo de envolver estudantes e professores em projetos de extensão e pesquisa, oportunizando o acesso à ciência e tecnologia para a melhoria do desenvolvimento humano e sustentável. A iniciativa envolve todos os 62 municípios do Amazonas.

 

Segundo a coordenadora do PAICI ESA/UEA, Helen Emília Menezes de Souza, houve um crescimento significativo dos projetos ao longo dos cinco anos de existência do programa. “Esse ano tivemos 319 bolsistas. Ao longo do tempo recebemos projetos muito interessantes do ponto de vista científico e tecnológico. Outro ponto primordial é que ao analisarmos as monografias dos alunos que já integraram o programa identificamos que eles possuem um diferencial positivo na construção do conhecimento”, ressaltou ela.

 

Tereza Teófilo – Agência Fapeam

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