Amazonas se mobiliza para evitar vírus da gripe suína


A Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMTAM) iniciou na manhã de terça-feira (28/4) uma mobilização para enfrentar possíveis casos de gripe suína, caso o vírus chegue ao Estado. As ações serão realizadas após a elevação, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), do nível de alerta de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, da fase 3 para o nível 4, que evidencia a transmissão do vírus (H1N1) de pessoa para pessoa e a notificação de dois possíveis casos, não confirmados, no Amazonas.

O diretor presidente da FMTAM, Sinésio Talhari, e a diretora de assistência médica, Lucilaide de Oliveira Santos, participaram na manhã de terça-feira (28) de uma reunião envolvendo os técnicos e responsáveis pelo atendimento a pacientes na FMTAM, dando início a um plano de ação de recepção, atendimento e internação de pacientes que futuramente possam ser infectados com vírus da gripe suína.

“Estamos municiando toda a equipe da Fundação, desde os técnicos de limpeza, de laboratórios aos médicos com informações sobre o que é essa doença e os procedimentos a serem tomados caso pacientes com diagnóstico confirmado cheguem ao hospital para diagnóstico, tratamento e acompanhamento”, ressaltou Sinésio.

Na quarta-feira (29) ocorre uma simulação do recebimento de um paciente infectado para atendimento ambulatorial e encaminhamento ao isolamento. “A Fundação está trabalhando, junto ao Governo do Estado, para a conclusão de uma obra com duas novas enfermarias, uma com o total de 10 leitos, para uma possível demanda inicial, e outra com capacidade de 26 leitos, além de mais 22 leitos do Hospital Dia, que já se encontra em operação. Ou seja, a situação é relativamente confortável”, revela o diretor da FMTAM.

“Cabe a nós estarmos preparados para detectar casos de pacientes com suspeita de infecção ou apresentando sintomas da gripe suína (dor de cabeça, febre, dor no corpo tosse e garganta seca), e principalmente, que sejam procedentes das áreas e países já infectados pelo vírus”, explica a doutora Lucilaide Santos.

Diagnóstico

Segundo os especialistas, a confirmação da infecção pela gripe suína só acontece após o isolamento do vírus extraído de secreções de pacientes feito em laboratório. Para isso, a Fundação de Medicina Tropical já está equipada com um laboratório de biossegurança nível-3 (NB3), preparado para lidar com vírus graves, como este da gripe suína, pronto para processar as amostras. “Hoje a FMTAM já tem capacidade para chegar até o diagnóstico final do vírus, passando pelo isolamento, identificação do DNA e sequenciamento do genoma do vírus. Tudo só pode ser feito na FMT porque a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) proporcionaram a aquisição de equipamentos e infraestrutura que tornaram possível esse trabalho”, destaca Sinésio.

Possíveis casos no AM

Quanto as duas pessoas com suspeita de infecção pelo vírus no Estado do Amazonas, a informação repassada pela doutora Lucilaide é de que os pacientes só ficam internados no hospital quando apresentam manifestações clínicas e necessitam de isolamento, o que não foi o caso dos dois suspeitos. “Eles teriam vindo de regiões onde o vírus já se manifestou, mas os primeiros exames indicam apenas quadro de gripe comum e sinusite. Eles nem chegaram a ser encaminhados a FMTAM”, revela.

Apesar de ser novo, já existem informações de que a letalidade do vírus, no México, onde houve o registro de casos de morte, gira em torno de 20%, um percentual preocupante, se analisado isoladamente, mas bastante amenizado, se computados os números de casos graves já confirmados em várias partes do mundo nas quais as pessoas estão sendo tratadas.

“É justamente para lidar com esses casos graves que hoje estamos nos mobilizando, ou seja, evitar que aconteça a propagação e o óbito. Nesse sentido, todo o sistema de saúde do Estado do Amazonas também está trabalhando, inclusive com informações e orientações para a população, a fim de evitar a infecção, caso o vírus chegue até aqui”, explica a doutora Lucilaide.

Sinésio compara a situação atual do vírus da gripe suína aos casos graves de dengue hemorrágica registrados no ano de 2008 no Amazonas. “Apesar da quantidade e dos casos de internação, não tivemos registro de nenhum óbito de paciente”, lembra.

Para tranquilizar a população, o diretor da FMTAM explica que, apesar de grave, há uma mobilização mundial para o controle da doença. Além disso, os laboratórios Roche e Glaxo já anunciaram a existência de medicamentos para atuar sobre a doença, fruto do trabalho de pesquisas que vem sendo realizadas desde o surgimento da gripe aviária há alguns anos. 

Sobre a gripe

A gripe Suína é causada pelo novo vírus H1N1 que demonstra uma característica diferente da gripe aviária, pois evoluiu num ritmo muito rápido, estabelecendo a transmissão intrahumana (homem a homem) de forma rápida. Logo se trata de um vírus mutável, que pode causar uma pandemia.

A gripe suína é caracterizada por uma doença respiratória em porcos ocasionada pelo vírus influenza tipo A. Segundo os cientistas, o vírus, que agora afeta os humanos, sofreu mutações com mistura genética do vírus da gripe suína e humana gerando novas versões de vírus.

Sintomas da gripe suína em humanos

Além dos sintomas da gripe comum (dor de cabeça, febre, dor no corpo tosse, garganta seca e coriza), aparecem náuseas, vômito e diarréia.

Leia nota do Ministério da Saúde sobre o assunto.

 

Ulysses Varela – Agência Fapeam

 

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