PAPPE viabiliza produção de instrumentos musicais


 

Até 30 de abril os amazonenses interessados em música terão a oportunidade de conhecer violões, contrabaixos, cavaquinhos e outros instrumentos produzidos com madeira certificada da Amazônia, por meio de exposição em cartaz na Galeria de Arte do Serviço Social do Comércio (Sesc), localizada na região central de Manaus.

São cerca de 20 instrumentos, sendo a maioria deles prontos para utilização e outros que mostram o processo produtivo das peças, que resultaram do projeto de pesquisa “Artefatos com madeiras certificadas da Amazônia – Empreendedorismo e comercialização”, vinculado ao Programa Amazonas de Apoio à Pesquisa em Micro e Pequenas Empresas (Pappe), mantido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Ao longo da pesquisa, o que mais chamou atenção do coordenador do projeto, o empresário e luthier Edson da Silva Ribeiro, foram a identificação e aplicação de novas espécies de madeiras da região, entre elas o Louro Preto, uma das que demonstrou grande aplicabilidade na fabricação de instrumentos musicais, a chamada lutheria.

O projeto identificou e realizou estudos sobre características de cinco espécies de madeira em parceria com a pesquisadora Claudete Catanhede do Nascimento, que atua na área de silvicultura do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). A partir dos resultados obtidos, ela e o coordenador do projeto vão lançar, no último dia da exposição, em 30 de abril, um catálogo que descreve as espécies pesquisadas e a aplicabilidade delas para a construção de diversos instrumentos.

 “Nosso maior desafio é mostrar a sociedade que existem outras espécies tão boas quanto as tradicionais para a fabricação de instrumentos. Com isso pretendemos abrir o leque de possibilidades fazendo com que algumas espécies deixem de sofrer pressão por serem as únicas conhecidas e utilizadas pelas fabricas”, garante a pesquisadora.

Claudete acredita que a inserção de novas espécies regionais para a lutheria pode ser considerada o ganho mais significativo do projeto. “Todos os resultados vão estar disponíveis no catálogo que conterá o nome das madeiras, especificações, características e o passo a passo para a produção de instrumentos musicais, sendo que todas as informações poderão ser utilizadas por outras empresas. Este é um dos primeiros trabalhos práticos de transferência de tecnologias da madeira dos laboratórios para as empresas”, explica.

Ganhos

Por meio das pesquisas e da inovação tecnológica empregada pelo projeto, a produção de instrumentos na empresa Puro Amazonas passou de duas peças para 10 peças confeccionadas a cada mês, o que tornou a empresa mais competitiva e conhecida no mercado local e nacional. Pequenos objetos decorativos e caixas que utilizam resíduos de madeira com a técnica da marchetaria também fazem parte do leque de produtos trabalhados com as madeiras estudadas.

 

Segundo Edson, a otimização do processo produtivo aliado à manutenção da qualidade e resultado final dos instrumentos foram os grandes desafios do projeto. “Hoje, podemos afirmar, com toda certeza, que a Puro Amazonas é uma empresa genuinamente amazonense que se utiliza de madeiras e derivados para a produção de artefatos de madeiras e instrumentos musicais a partir de fundamentos de tecnologia, da lutheria e da marchetaria clássica para desenvolver novas criações”, ressalta o empresário destacando, ainda, que a diversidade de madeiras da Amazônia, certificadas ou de áreas de manejo, empregadas nas linhas de produção incorpora aos produtos uma identidade regional.

Edson faz questão de esclarecer também que a intenção do projeto não é substituir as espécies tradicionais, mas disponibilizar novas alternativas para o mercado. O louro preto, uma das espécies sugeridas, quando bem trabalhada apresenta características físico mecânicas excelentes, proporcionando uma tratabilidade na oficina o que agrega produtividade à linha e valor ao produto final. “Para a empresa, o projeto finaliza com resultados bastante positivos, mas na verdade é o começo de tudo, pois vamos dar continuidade ao trabalho para aumentar a produtividade, visto que algumas empresas locais já comercializam os nossos instrumentos e peças e já estamos trabalhando a possibilidade de comercialização em outros Estados”, comemora ele.

Para o professor de música da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Nelson Cayhado, que prestigiou a abertura da exposição e tirou som dos instrumentos, ver o resultado do projeto em tão pouco tempo é uma grata surpresa, pois o Edson conseguiu fugir das madeiras tradicionais e atingir resultados satisfatórios em termos de sons produzidos pelos novos instrumentos. “Tenho a certeza de que a partir desse trabalho, que como o próprio Edson afirma, não chegou ao fim, ele vai conseguir inserir essas madeiras e a engenharia desenvolvida por ele no patamar das madeiras tradicionais e, quem sabe, sendo utilizadas pelos melhores luthiers nacionais e até internacionais”, destaca.

Em dois anos de execução, o projeto recebeu financiamento da Fapeam na ordem de R$ 32.750,00.  

 

Ulysses Varela – Agência Fapeam

 

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