Na contramão da crise global, Governo do Amazonas lança Rede Malária


São alocados R$ 15 milhões para financiar pesquisas que visam à busca de respostas para facilitar o controle e o tratamento da doença
 
Na contramão da crise global, ao lançar segunda-feira (6/4), no auditório da Reitoria da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), a Rede de Malária, o Governo do Estado do Amazonas demonstra que a ciência e a tecnologia (C&T) são prioridades para região e um de seus principais compromissos públicos.

Na ocasião, também aconteceu o lançamento do edital do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex) e a assinatura do convênio dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs). 

Braga disse que o Estado perdeu R$ 100 milhões em arrecadação, contudo, não pode cortar os recursos voltados para C&T, pois o Estado está olhando para o futuro. O chefe do Executivo explicou que a malária é um tipo de doença endêmica da região que precisa ser constantemente monitorada, controlada e administrada, “qualquer descuido, ela retorna”, lembrou. Por isso, sem C&T não há como avançar no controle da malária, da dengue e de outras endemias amazônicas. “A Rede de Malária é um exemplo de que estamos caminhando nesse processo e trabalhando para obter sucesso. É algo histórico no Amazonas, não houve nada semelhante em toda minha carreira pública”, ressaltou.

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Durante o lançamento da Rede, Braga destacou o esforço de todas as instituições envolvidas, a saber, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) – na formação de recursos humanos, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (SECT), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), UEA, além da FAPs envolvidas na ação e o  Ministério da Saúde (MS)

A Rede é uma iniciativa pioneira, encabeçada pela Fapeam, que conta com o apoio de Fundações dos Estados do Pará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Maranhão e Mato Grosso. Somando apoio do CNPq e do Ministério da Saúde, por meio do seu Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit), a Rede concentrará o montante de R$ 15 milhões para financiamento das pesquisas, por 36 meses (com direito à prorrogação por mais 36).

Segundo o diretor presidente da Fapeam, Odenildo Sena, a Rede é o resultado de uma ação extremamente original e diferenciada, pois se conseguiu reunir sete Estados, grupos de pesquisa distintos e aportar recursos em um único objetivo: “avançar em relação à pesquisa na área de malária. Nesse sentido, há dois pontos. O primeiro, conseguirmos reunir recursos federais e estaduais e, segundo, somar esforços intelectuais e competências”, salientou.

O Amazonas tem determinadas competências na área de malária, de acordo com Sena, que o Maranhão não tem e o contrário é recíproco. Além disso, estão fazendo parte da rede os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro (com forte presença da Fundação Oswaldo Cruz, referência na área), e Minas Gerais. “Desejamos que outras ações semelhantes sejam realizadas”, afirmou.

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O diretor presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Mário Neto, explicou que os pesquisadores que irão submeter projetos à rede precisam seguir alguns princípios. Ele disse que os critérios são necessários para se evitar a sobreposição de esforços e duplicação de compra de equipamentos, por exemplo. Com isso, acelera-se a execução das pesquisas e aumenta-se a discussão entre os cientistas a fim de permitir um avanço maior.

“O programa está estruturado para cinco anos, sendo que os recursos estão garantidos para os primeiros três anos. No terceiro ano, após avaliações, será lançada a segunda fase. Isso é fundamental para avaliar as necessidades do volume de recursos alocados e a correção dos rumos das pesquisas”, avisou Neto e completou: “só assim poderemos chegar a uma vacina ou medicamento que possa acabar ou minimizar as conseqüências da doença. A ciência já demonstrou isso em outras ocasiões”, salientou.

Neto lembrou que a malária é uma doença negligenciada pelos países desenvolvidos e grandes laboratórios, pois não há interesse imediato. Ele enfatizou que é preciso investir dinheiro e inteligência nacional para solucionar o problema. O presidente do CNPq, Marco Antônio Zago, compartilhou do mesmo pensamento ao dizer que há muitas perguntas a serem respondidas, por isso, o trabalho será executado em rede, o que significa que cada cientista precisa trabalhar em sua área de conhecimento a fim de complementar os outros campos de estudo. “Há questionamentos sobre a pessoa que tem a doença, o vetor (mosquito transmissor), o parasita. As respostas irão facilitar o controle ou o tratamento da doença”, destacou.

Rede Dengue

Na ocasião, o diretor presidente da Fapemig e também presidente do Confap (Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa) anunciou que está aberto o estudo do termo de referência para a elaboração do edital para a “Rede de Dengue”. A previsão é que o mesmo seja lançado ainda este ano, nos mesmos moldes da Rede Malária. Ele explicou que certamente o número de fundações participantes deverá aumentar. “É  mais uma ação pioneira no Brasil, pois está sendo articulada a participação de entidades federais e estaduais de fomento à pesquisa”, disse. 

No mês de março, durante reunião do Confap e do Consecti (Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I) foram discutidos detalhes do processo.

Ao todo, 14 Fundações já declararam apoio à iniciativa, que deverá receber aporte, inicial, de quase R$ 10 milhões.
 
Pronex

Criado em 1996 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), sob a responsabilidade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Pronex é hoje um dos mais importantes instrumentos de estímulo à pesquisa e ao desenvolvimento científico e tecnológico do País.

O Pronex prevê o apoio continuado e adicional a Núcleos de Excelência, ou seja, grupos de tradição e alta competência, organizados por pesquisadores e técnicos de alto nível, em permanente interação em suas áreas de atuação técnico-científica, capazes de funcionar como fonte geradora e transformadora de conhecimento científico-tecnológico para aplicação em programas e projetos de relevância ao desenvolvimento do país.

No Estado do Amazonas, oito projetos já foram ou estão sendo beneficiados pelo Pronex. Dois no primeiro edital (2003) e seis na segunda edição (2006). A expectativa é que o número aumente com o lançamento do novo edital. Na parceria Fapeam/CNPq, serão aportados R$ 6 milhões, R$ 4 milhões do CNPq e R$ 2 milhões da Fapeam.

Luís Mansuêto – Agência Fapeam

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