SBPC: Seção de pôsteres em Tabatinga revela estudos importantes para a região amazônica


Tabatinga/AM. O primeiro dia da seção de pôsteres da Reunião Regional da  Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Tabatinga (AM) reuniu, no campus da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), cerca de 40 trabalhos em desenvolvimento ou já concluídos realizados por pesquisadores, alunos e professores de instituições de ensino e pesquisas da Amazônia brasileira, do Peru e da Colômbia.

Os trabalhos abordam assuntos de diversas áreas, como agronomia, recursos florestais e engenharia ambiental, ciências da computação, geociências, economia, direito, turismo, entre outras, e vão ser expostos até o dia 20 de março, reunindo um total de 133 pôsteres.

Para a diretora técnico-científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Elisabete Brocki, que visitou os trabalhos na tarde desta quarta-feira (18), existe uma diversidade grande de temas, com níveis de execução e de autorias que vão desde alunos de iniciação científica até pesquisadores de instituições estrangeiras. “A diversidade das temáticas das pesquisas também chama atenção por abordar questões exclusivas da região, como a preocupação com a renda, qualidade de vida, demografia, que acabam sendo socializadas entre os participantes do evento”, revela.

Brocki também destaca as pesquisas realizadas pela Universidade Nacional da Amazônia Peruana que tratam da valorização econômica de bens e serviços ambientais naquele País. “Esse é o alvo do encontro, trocar idéias de como valorizar os bens e os serviços ambientais para garantir que a floresta tenha mais valor em pé. Esse tema tem tudo a ver com a política do Governo do Estado do Amazonas”, destaca, enfatizando, ainda, que essa interação de pesquisadores dos três países (Brasil, Colômbia e Peru) é fundamental.

Pesquisa em Tabatinga
Entre os diversos trabalhos em exposição, estão aqueles que abordam questões ambientais no próprio município (Tabatinga) como o realizado por alunos de Iniciação Científica da UEA, financiados pela Fapeam, que aborda a questão dos impactos ambientais provocados pela mineração de argila para fabricação de tijolo por olarias dentro do perímetro urbano da cidade.

Segundo o professor que orientou o trabalho, formado em geologia ambiental na cidade do Rio de Janeiro, Helder da Costa Santos, o estudo teve o objetivo de dimensionar o desmatamento e os impactos ambientais e sociais provocados pelas duas principais olarias que atuam no município.

Concluído em 2005, com os resultados foi possível observar que as cavas (crateras deixadas no solo após a retirada da argila) transformam-se em “piscinas”, servindo de espaço para proliferação de doenças, como dengue e a malária. Também foi identificada uma desvalorização das casas próximas aos locais. “Enquanto esses moradores tem as casas desvalorizadas, por conta da fumaça e outros problemas, a parte urbana da cidade se valoriza, uma vez que as casas passam a ser construídas com os tijolos produzidos nas olarias. Enquanto há uma preocupação com a extração da madeira e dos recursos aquáticos, a argila acaba sendo esquecida”, condena o professor.

A partir do trabalho, foi sugerida aos donos das olarias a introdução de práticas de reflorestamento das áreas exploradas a fim de diminuir os impactos ao meio ambiente e à saúde da população de Tabatinga.

Ulysses Varela – Agência Fapeam

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