Ézio em Roma em apresentação única no Teatro Amazonas


Ópera originalmente apresentada em 1973 na Amazônia será reproduzida em récita nesta terça-feira (10), em Manaus (AM). Obra é resultado de pesquisa desenvolvida no curso de música da Escola Superior de Artes e Turismo da UEA, com apoio do Programa Pro-Estado, da Fapeam 

A ópera Ézio em Roma, com música de Niccoló Jommelli (1714-1774), foi apresentada pela primeira vez no “Theatro do Pará”, em Belém, no ano de 1973. O espetáculo musical foi documentado, no mesmo período, na peça teatral Drama recitado, de José Eugênio Aragão e Lima. Por meio de um projeto de pesquisa sobre a trajetória operística na Amazônia, o público poderá conhecer parte dessa apresentação histórica em récita apresentada nesta terça-feira (10), a partir das 20h, no Teatro Amazonas, em Manaus (AM).

A reprodução da ópera é resultado de projeto intitulado “Pesquisa e Restauração do Patrimônio Musical do Brasil Colonial: lírica na Amazônia e seu âmbito de diálogo cultural, durante o século 18”, desenvolvido pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) com aporte de R$ 274 mil oriundos do Programa de Apoio à Consolidação das Instituições de Ensino e Pesquisa (Pro-Estado), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

“O que vamos fazer é reproduzir uma versão hipotética do que teria sido aquela apresentação. No século 18, os espetáculos teatrais musicais eram freqüentes e ocorriam principalmente por ocasião das festas, que envolviam solenidades do calendário religioso, recepção ou despedida de um governante, além de nascimentos de herdeiros. De modo geral, ocasiões que propiciavam festivais nos quais esses espetáculos eram realizados”, disse à Agência Fapeam o pesquisador Márcio Leonel Farias Reis Páscoa, professor do curso de música da Escola Superior de Artes e Turismo da UEA e coordenador do projeto.

O texto original da ópera foi localizado na Fundação Calouste Gulbenkian, enquanto a música do compositor italiano Niccoló Jommelli foi encontrada na Biblioteca da Ajuda, ambos em Lisboa.

A pesquisa possibilitou a reconstituição de Ézio em Roma, uma ópera de cordel – um gênero comum na época –, cujo texto em italiano foi trazido e adaptado para o mundo luso-brasileiro do século 18. “Ézio em Roma foi exibida em muitas cidades da Amazônia com participação dos chamados ‘artistas viajantes’ e, principalmente, de artistas locais”, diz Márcio Páscoa.

A reconstituição desse patrimônio sonoro se deu exclusivamente com artistas locais, com a Orquestra de Câmara da UEA, com solistas de canto do curso de música da mesma instituição e da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Lançamento

O resultado da pesquisa será publicado em uma coletânea com seis livros, sendo dois com textos que contam um pouco da história do período áureo da exploração da borracha (1850 a 1910) e outros quatro com partituras das óperas compostas por músicos da Amazônia. 

Os dois primeiros livros relatam histórias sobre a atividade musical da época, os artistas, as temporadas, além do contexto em que aparecem os compositores fazendo ópera em Manaus e em Belém. Os outros quatro volumes abrigam as partituras, até então inéditas, das cinco óperas compostas por autores amazônidas, entre eles: José Cândido da Gama Malcher; Henrique E. Gurjal; Meneleu Campos; e Eupídeo Pereira.

Perfil

Márcio Páscoa realizou seu doutorado em Ciências Musicais, na área de Letras, na Universidade de Coimbra, fato que favoreceu na pesquisa com fontes na Europa. Em novembro do ano passado, foi homenageado pela instituição durante a comemoração dos 200 anos da vinda da Corte Portuguesa para o Brasil, realizado em Coimbra.

Agência Fapeam

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