Contato com pesquisa motiva aluno a seguir carreira de chefe de cozinha


Estudantes de escola da zona rural de Manaus descobrem vocações em projetos de pesquisas e fogem do estigma da evasão escolar

Rodrigo Alexandre da Silva, 15, estava prestes a ser expulso da Escola Municipal Emanuel Ribeiro da Cunha, no quilômetro 11 da Estrada do Brasileiro, zona rural de Manaus. O motivo: desordem. Oportunamente, ele recebeu uma nova chance. Incentivado pela professora de Arte, Leda Aparecida Pozzeti, descobriu que tinha vocação para chefe de cozinha, desenvolvendo habilidades no projeto “Horta com Arte”, vinculado ao Programa Ciência na Escola (PCE), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), executado com a parceria das Secretarias de Educação Municipal (Semed) e Estadual (Seduc).

“O projeto mudou completamente minha vida e, conseqüentemente, meu comportamento. Passei a valorizar o tempo que passo na escola e aprendi coisas que podem ajudar minha família. Agora, até caderno levo. Não levava antes porque só ia bagunçar”, diz o estudante, um dos nove filhos de um casal de agricultores, também moradores da Estrada do Brasileirinho.

Há seis meses, Silva e outros quatro estudantes passaram a integrar a equipe de pesquisa da professora Pozzeti, que pretendia associar a arte ao cotidiano da escola. “Pensava em um modo de apresentar aos estudantes como a arte está nos espaços mais inusitados. Por isso, por exemplo, as hortas são construídas em formato mandala, que facilita a distribuição da água, reciclando material, como garrafas PET. Também trabalhamos cortes e formas a partir das hortaliças”, explica a professora.

O grupo iniciou o trabalho com o estudo sobre as hortaliças e projetando a horta-escolar. Optou-se por plantar couve, coentro, salsinha, cheiro-verde, beterraba que, atualmente, estão sendo utilizadas na produção da merenda escolar. Além das hortaliças, também cultivam ervas medicinais e, com elas, passaram a distribuir kits de medicina alternativa. “Conseguimos fazer com que projeto atingisse e melhorasse a vida de toda a escola”, diz Pozzeti.

Foi manuseando as hortaliças que o estudante percebeu que ali poderia estar uma oportunidade de trabalho para ele. Por ocasião de uma degustação de hortaliças realizada pelo grupo de pesquisa na escola, ele assumiu o papel de chefe, preparando diferentes tipos de salada. “Foi então que veio a idéia de ser chefe de cozinha”, conta.

Para o estudante, também foi importante reconquistar a confiança da família. “Minha família ficou muito feliz com minha transformação. Minha mãe havia decidido não me deixar mais estudar, na verdade, não sair de casa. Tudo mudou agora, principalmente porque me identifiquei com o tema tão a fundo que já penso em seguir na profissão”, avalia Rodrigo.

O PCE concede a professores e estudantes bolsas no valor de R$ 460 e R$ 120, respectivamente, para que eles desenvolvam projetos de pesquisa em escolas do Ensino Fundamental e Médio da rede pública de ensino. 

  Michelle Portela – Agência Fapeam  

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