Produção de rádio muda rotina de estudantes de Manaus


Bolsista do PCE, da Escola Estadual Djalma Cunha Batista (AM), conquista vaga na Escola Sesc de Ensino Médio (RJ), referência em ensino integral no País

O estudante Daniel Bezerra, 14, aluno do 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Professor Djalma da Cunha Batista, conquistou uma vaga na Escola Sesc de Ensino Médio, do Rio de Janeiro (RJ), uma das referências no País quando se fala em ensino integral. Para sair-se vitorioso no processo seletivo, Bezerra fez uso das experiências em comunicação vividas durante o projeto “Rádio na Escola”, do Programa Ciência na Escola (PCE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), desenvolvido em parceria com as Secretarias de Educação Municipal (Semed) e Estadual (Seduc).

O processo seletivo ocorreu em Manaus, dividido em três fases: prova, entrevista e dinâmica. “Quando os avaliadores perceberam que eu participava de um projeto de pesquisa sobre comunicação, convenceram-se de que eu não teria dificuldades de adaptação em outro estado ou cidade. Na própria entrevista, mostrei como posso ser comunicativo”, afirmou o estudante.

Aprovado, ele já está de malas prontas para ingressar na nova escola, que oferece doze cursos tecnológicos e é mantida pelo Serviço Social do Comércio (Sesc). “Ainda não escolhi um curso, mas acredito que esta será uma boa oportunidade para me definir por uma carreira”, explica.

Junto a outros quatro colegas e sob orientação da professora Aliodeth Barbosa Ariza, Bezerra desenvolveu o projeto, nos últimos seis meses, na própria sede da Escola Estadual Djalma Cunha Batista, localizada na zona Sul de Manaus. Todo os dias, às 12h, entrava no ar o “Rádio na Escola”, transmitido por meio de duas caixas de som direcionadas ao refeitório da unidade, que também oferece ensino em tempo integral. “A cada bloco, a Fapeam oferecia ‘a hora certa’”, conta o estudante.

Aprender a linguagem de rádio foi a primeira conquista dos estudantes que, além de se envolverem com as técnicas de produção, pesquisaram sobre a história do rádio no Brasil e no Amazonas nos dois primeiros meses de atividade, associando o projeto às atividades disciplinares. “Foi muito importante buscar essa formação, porque depois conseguimos desenvolver nossas atividades com um outro olhar”, explica Ariza, que é professora de História.

O ‘novo olhar’ influenciou o grupo a decidir por uma programação que privilegiasse produções musicais nacionais, causando, inclusive, mal-estar entre os colegas. “No começo, nossos colegas não gostaram. Ficaram com raiva da gente. Aos poucos, conseguimos mostrar que seria muito mais interessante valorizar os artistas brasileiros do que os estrangeiros. Por isso, mantivemos nossa decisão de não tocar música internacional”, explica Bezerra.

Mais do que simplesmente ‘tocar’ músicas nacionais, o grupo de pesquisa analisou as letras das músicas escolhidas para compor a programação, assim como o conteúdo tradicionalmente veiculado nas rádios locais. “Fazer esse estudo foi importante para definir nossa grade de programação e oferecer maior conhecimento aos estudantes. Situações simples, como diferenças entre compositor e intérprete, que eram desconhecidas, foram assimiladas a partir desta discussão”, explica a professora.
 

Michelle Portela – Agência Fapeam

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