Rede Malária pode expandir atividades para Jirau e Santo Antônio (RO)
As ações estratégicas da Rede Malária poderão ser expandidas para as populações moradoras das áreas onde estão sendo construídas as usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no Estado de Rondônia. A proposta foi apresentada pelo pesquisador Hildebrando Pereira, do Instituto de Pesquisa em Patologias Tropicais de Rondônia e um dos mais respeitados infectologistas da atualidade no Brasil, nesta segunda-feira, durante a 11ª Reunião Nacional de Pesquisa em Malária, que acontece no Tropical Hotel, zona Oeste.
A rede de pesquisa em malária é uma proposta da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), em parceria com as FAPs do Pará (Fapespa), Maranhão (Fapema), Minas Gerais (Fapemig), São Paulo (Fapesp), Rio de Janeiro (Faperj) e Mato Grosso (Fapemat).
Para Pereira, além da Rede Malária, que prevê a articulação entre grupos de pesquisa de todo o País, porém, é necessário intensificar as ações factuais de combate à doença, principalmente nas regiões das barragens que irão abrigar dois projetos de grande impacto econômico.
“Urge que haja a recuperação por causa dos atrasos acumulados naquele Estado. Não se pode esperar. No futuro, a Rede de Malária poderá atuar, mas o caso já é grave”, avaliou o infectologista. “A prefeitura de Porto Velho não tem dinheiro, gente e tradição em pesquisas na área. Por isso, cabe agilizar as atividades, porque a construção das usinas pode se transformar no início de uma epidemia”, afirmou o epidemiologista.
Para o pesquisador José Antônio Bulcão, que realiza trabalhos para a empresa Furnas, o problema em Jirau e Santo Antônio é que a área da saúde está sempre à margem dos investimentos públicos. “Sempre ‘corremos atrás’ quando se fala em finanças para o controle de epidemias. Temos que mudar essa realidade”, disse Bulcão, que já atuou em ações de pesquisa no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
Favorável à expansão das ações da Rede de Malária, a pesquisadora colombiana Ligia Perez ressaltou a importância do intercâmbio entre os pesquisadores da Amazônia. “Em Letícia, há o Departamento do Amazonas, onde tratamos malária, porque entendemos que as ações devem ser conjuntas”, explicou, indicando que amazonenses também são atendidas no local, já que as autoridades de saúde colombianas consideram a malária um caso amazônico em geral.
Conforme Wanderli Pedro Tadei, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), trata-se de uma corrida contra o tempo. “A população está naturalmente exposta à malária. Então temos de agir se não quisermos ter epidemias”, disse ele, referindo-se às possibilidades de avanço no setor de prevenção a partir da troca de informações e descobertas na Rede Malária.
A Reunião no Tropical Hotel segue até amanhã. A programação pode ser consultada no endereço www.fmt.am.gov.br, via link XI Reunião Nacional de Pesquisa em Malária.