Cientistas na Amazônia: fazendo a diferença


Um dos desafios assumidos pela Diretoria da Academia Brasileira de Ciências (ABC) para o período 2007-2010 diz respeito à disseminação e ao fortalecimento da Ciência em todas as regiões do país e à identificação de jovens talentos da ciência. Para tanto, foram criadas vice-presidências regionais, sendo que a da região Norte está nas mãos do Prof. Adalberto Luis Val, diretor do Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA).

A ABC formou também em 2007 um grupo de estudos sobre a Amazônia, coordenado pelo presidente da ABC, Jacob Palis, e pelo vice-presidente regional Adalberto Val . O grupo é constituído ainda pelos Acadêmicos Carlos Nobre, Roberto Dall Agnol,  Bertha Becker e Hernán Chaimovich, vice-presidente da ABC. O grupo está elaborando um documento com propostas da ABC para a região, sendo que uma versão inicial já foi apresentada durante o Simpósio Amazônia, um dos eventos que fizeram parte da Reunião Magna da ABC, realizada em maio de 2007.

O documento Amazônia: Desafio Brasileiro do Século XXI apontará ações a serem implementadas nos próximos 2/3 anos e que podem tornar possível a consolidação de uma nova realidade de C&T na Amazônia num horizonte de dez anos. Essa versão será encaminhada para um grupo maior de pesquisadores para críticas e sugestões, e será então consolidada a versão final do documento.

Ela também servirá de referência para o seminário internacional A Contribuição de C,T&I para um Modelo de Desenvolvimento Sustentável da Região Amazônica, a ser realizado no primeiro semestre de 2008, numa parceria do MCT e ABC com a colaboração da InterAmerican Network of Academies of Sciences (IANAS), Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento (TWAS) e Internacional Council of Science (ICSU). O encontro reunirá cientistas e tecnólogos do Brasil e dos países amazônicos e terá por objetivo a elaboração de propostas de curto, médio e longo prazo para o uso de C,T&I como componente essencial para a transformação da região, a partir de um modelo que integre desenvolvimento econômico com inclusão social e conservação ambiental.

“Até recentemente esse conflito se expressava em duas políticas públicas paralelas e igualmente conflitantes. Hoje, há quem reconheça que se trata de uma falsa dicotomia, pois que o desenvolvimento é necessário e demandado por todos, implicando na compatibilização do crescimento econômico com compromisso social e ambiental”, explica a geógrafa Bertha Becker, especialista de renome internacional em geopolítica da Amazônia.

Como parte da estratégia da ABC de fortalecimento da C&T nas regiões, os vice-presidentes regionais devem indicar anualmente jovens cientistas de reconhecido talento para se tornarem membros afiliados a ABC, pelo período de cinco anos não renováveis. Entre os indicados da região Norte, encontram-se a reitora da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), Marilene Corrêa da Silva Freitas, e o Dr. , Edleno Moura.

“A questão fundamental é que o Brasil não está formatado para todas as regiões. Se fosse diferente, como se justificaria o fato da Universidade Federal do Acre formar sua primeira turma de Medicina só agora, como se justificaria que a USP estivesse presente por 22 anos no Amapá e não tenha deixado um curso de Biologia, Física, Matemática, Química, nem nenhum curso de pós-graduação?”, diz a reitora. Em sua opinião, a interiorização do conhecimento no Brasil deveria ter mais estudos comparados e os cientistas brasileiros com nível de doutorado, não só os jovens como os mais eminentes, deveriam viajar para conhecer as diferentes oportunidades e demandas que o país oferece e exige.

A indicação para a ABC é um trunfo político

Amazonense, graduado em Processamento de Dados pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), doutorado em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), indicado em 2007 para membro do Conselho Superior da Fapeam, Edleno Moura é vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da UFAM.

A dificuldade maior para o desenvolvimento das atividades de pesquisa de ponta na região é a conectividade. Segundo Edleno, a fibra ótica que liga Manaus ao restante do país hoje é intercalada por trechos ligados por rádio. “Onde tem rio a conexão é feita por rádio, o que faz com que a qualidade caia. Mas há um plano do governo federal para resolver o problema da conectividade das capitais brasileiras e espero que Manaus seja incluída neste plano.

Fonte: Elisa Oswaldo-Cruz da ABC

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