LBA discute nova agenda de pesquisas para a Amazônia
A continuidade do LBA, o maior programa de pesquisas já existente sobre a Amazônia, é a pauta prioritária dos pesquisadores reunidos em Campinas. Nosso atual plano científico se baseia em três grandes tripés, que se relacionam de forma integrada: a interação biosfera-atmosfera, o ciclo hidrológico e as dimensões sócio-políticas e econômicas das mudanças ambientais, explicou o pesquisador Paulo Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), membro do Comitê Científico do LBA. Temos, agora, três focos de pesquisa: processos (o ambiente amazônico em mudança), as conseqüências (a sustentabilidade dos serviços ambientais e os sistemas de produção terrestres e aquáticos) e as respostas (a variabilidade climática e hidrológica e sua dinâmica retro-alimentação, mitigação e adaptação), detalhou Artaxo.
Nos últimos 50 anos, a temperatura média da Terra aumentou 1,7oC. De acordo com Artaxo, a Ciência já não tem dúvidas de que a ação humana foi a grande responsável por esse aquecimento devido, principalmente, ao aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (o IPCC) já demonstrou que os combustíveis fósseis são o grande vilão: a cada ano, a queima deles emite entre 6,4 e 7,2 giga toneladas de carbono para a atmosfera. Mas o desmatamento e queimada das florestas, que libera anualmente cerca de 1,6 gigatonelada de carbono, não pode ser desprezado. Não adianta combater aquecimento global sem rever a questão energética, mas estudar e proteger a Amazônia também é fundamental, afirma o pesquisador.
Desafios e resultados
A reunião anterior do Comitê Científico do LBA aconteceu em novembro do ano passado, em Manaus. De lá para cá, o trabalho dos 1.400 cientistas brasileiros e dos 900 pesquisadores de outros países amazônicos, de instituições norte-americanas e de oito países europeus não parou de render bons resultados. Nas últimas semanas, pesquisadores do LBA publicaram quatro artigos nas renomadas revistas Nature e Science. Um desses artigos, publicado na Nature há duas semanas por Carlos Nobre e Cláudio Marengo, analisou simulações feitas a partir da seca de 2005 na Amazônia, utilizando o modelo do Hardley Center, e concluiu que há 50% de probabilidade de que um evento da mesma intensidade volte a ocorrer na região até 2020.
Durante os primeiros 10 anos de existência, o LBA foi gerenciado pelo MCT e coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), tendo a NASA e outras instituições dos Estados Unidos e Europa como parceiros. Eles cobriram cerca de metade dos US$100 milhões investidos neste período. Hoje, transformado em programa governamental, regulamentação aprovada desde setembro de 2007 pelo MCT – o LBA inicia sua segunda fase com a boa notícia da aprovação do Plano Plurianual (PPA), cuja previsão de recursos garante a infra-estrutura básica. O desafio para os pesquisadores, agora, é o de buscar outras fontes de financiamento para continuar ampliando as pesquisas, afirmou Batistella.
O maior evento científico sobre a Amazônia
A Conferência Científica Internacional Amazônia em Perspectiva: por uma Ciência Integrada promete ser o maior evento científico já realizado sobre a Amazônia. Ele acontecerá em Manaus, entre 17 e 21 de novembro próximo, reunindo os três grandes programas do MCT da área ambiental: LBA, o Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) e a Rede Temática em Modelagem Ambiental da Amazônia (Geoma). A programação da conferência também está sendo discutida nesta 22ª reunião do Comitê Científico do LBA, que termina hoje, (20/5).
LBA em números
Abrangência Territorial – Amapá, Amazonas, Acre, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, bem como no Distrito Federal; e nos territórios de cinco países amazônicos: Peru, Bolívia, Equador, Colômbia e Venezuela.
Mais de 150 projetos de pesquisa de ciência de ponta
Mais de 1.500 artigos em revistas científicas
Mais de 500 mestres e doutores formados na região
Mais de 280 instituições parceiras
Mais de 1.400 pesquisadores brasileiros
Mais de 900 pesquisadores dos países amazônicos, de instituições americanas e de 8 países europeus