Jornalistas debatem experiências profissionais em seminário


Discutir experiências na produção de jornalismo científico na região de maior biodiversidade do mundo. Com esse intuito três profissionais da área foram convidados para expor suas dificuldades e anseios na mesa de debate "O Jornalismo Científico e a Amazônia", realizada ontem (18) como parte da programação do I Seminário de Jornalismo Científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

 

A mesa de debates teve início às 14h com a explanação de Allan Rodrigues, coordenador da revista eletrônica Portal da Ciência. Ele apresentou os resultados de uma análise da cobertura feita pela mídia produziu sobre a seca de 2005, trabalho realizado pelo grupo de pesquisas do próprio veículo de comunicação.

 

Rodrigues destacou a importância do papel do jornalismo científico na formação de opiniões da sociedade. "A comunicação científica é pedagógica, um verdadeiro processo educacional, por isso o jornalista tem o dever de informar e educar ao mesmo tempo", afirmou.

 

A análise da cobertura de 2005 apresentou o panorama de um espetáculo de imagens, algumas das quais publicadas em jornais de vários países, e textos que apontavam a seca como uma conseqüência direta do aquecimento global. Rodrigues apresentou textos jornalísticos do ano de 2007 que desmentiram posteriormente o enfoque que a mídia produziu sobre o fenômeno, retratando o evento como um grande desastre ambiental.

 

"A mídia não cobriu o fato de que a seca de 2005 não alcançou nem ao menos a lista das cinco piores dos últimos 100 anos no Amazonas. Até hoje, a ciência não comprovou a ligação do aquecimento global com o fenômeno e, ao contrário do que afirmavam as alarmantes reportagens da época, os estoques de peixes para alimentação prosseguem normalmente", declara Rodrigues.

 

O segundo participante foi Renan Albuquerque, editor de meio ambiente do jornal Amazonas em Tempo, que apresentou algumas das peculiares dificuldades enfrentadas por jornalistas que escrevem sobre ciência. Para Albuquerque, nem sempre os cientistas compreendem a importância de explanar sobre a metodologia que usam em suas pesquisas, dificultando o trabalho do jornalista.

 

Ele também considera relevante a diferença de tempo existente entre o trabalho do pesquisador e o do jornalista. "Se o cientista acompanha durante 30 anos um hectare de floresta, o jornalista quer explicar e compreender todo esse conhecimento em apenas um dia. Isso é um uma fator de conflito para que haja compreensão entre eles", declara o jornalista.

 

Por fim, Antônio Ximenes, repórter do jornal A Crítica, fez sua exposição sobre a missão dos jornalistas que cobrem ciência na região amazônica. "Trabalhar com jornalismo científico na Amazônia é compreender como nós somos ignorantes, como sabemos pouco sobre toda essa riqueza que existe aqui", enfatiza.

 

Para ele, todo esse conhecimento já é familiar às populações tradicionais da região, mas não para a sociedade geral. "O que eu sinto é que a melhor decisão que já tomei foi a de vir para Manaus fazer jornalismo científico. Somos poucos com a grande responsabilidade de dizer: a Amazônia é uma ilustre desconhecida", declara Ximenes.

 

                                                                                                                                                                                                  Hemanuel Jhosé – Agência Fapeam  

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