Resultados do investimento em C&T são apresentados em seminário
“O Doutorado e as Humanidades na Amazônia” foi o tema da conferência de abertura do IV Seminário de Avaliação do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), proferida pelo diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas, Fapeam, Odenildo Sena, na tarde desta quinta-feira, no Auditório Rio Solimões do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL).
A conferência, que faz parte das comemorações dos dez anos do PPGSCA, mobilizou a atenção do corpo docente do programa, convidados e alunos presentes, ao revelar os resultados positivos de investimento da Fapeam em programas de bolsas de pesquisa, mestrado e doutorado, destinadas à Universidade Federal do Amazonas (UFAM), bem como lançou oficialmente o Doutorado em Sociedade e Cultura na Amazônia, que está com as inscrições abertas até a próxima segunda-feira, dia 14 de janeiro.
O conferencista Odenildo Sena, também docente do PPGSCA, enfatizou que o país vive um momento extraordinário no âmbito do investimento em ciência e tecnologia, porém, a luta das universidades em prol dos fundos de amparo à pesquisa precisa continuar. “Ainda há resistências por parte de agências nacionais para descentralizar os recursos, mas essas resistências vão ser vencidas. Vamos consolidar as FAPs por meio da difusão científica, da criação de novos programas de doutorado – uma prioridade nossa, e do incentivo à produção científica de qualidade”, asseverou.
A grande novidade da tarde foi anunciada, em primeira mão, no encerramento da conferência. Odenildo Sena disse que, ainda esse ano, será encaminhada ao Conselho da Fapeam uma proposta de aumento no valor das bolsas de doutorado para fora do Estado. A proposta é ousada, pois prevê um acréscimo de 50% nas bolsas oferecidas pelo Estado do Amazonas sobre o valor pago, atualmente, pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o que resultaria em uma bolsa de doutorado de quase R$ 2,3 mil.
Durante a sessão de abertura, o diretor-presidente demonstrou por meio de gráficos de evolução em investimento que, no ano de 2007, a Fapeam ofereceu 560 bolsas de mestrado e 233 de doutorado. “Não existe, hoje, um aluno de doutorado que resida no mínimo cinco anos no Amazonas, e que atenda aos requisitos dos editais lançados pelo Estado, que não tenha uma bolsa da Fapeam”.
Odenildo Sena ainda destacou que o Amazonas superou o Pará, em 2006, na formação de grupos de pesquisa e que o número de programas de mestrado passou de 12, em 2002, para 38, no ano passado. Em função disso, chamou a atenção para o que considera “falta de compromisso e cumplicidade” por parte de alguns pesquisadores que recebem recursos do Governo do Estado, mas não divulgam a pesquisa em nome da instituição. “Nós precisamos trabalhar pela consolidação da Fapeam, que veio em resposta a anseios antigos da nossa comunidade”, enfatizou.
Importantes avanços administrativos também foram pontuados, como o acordo com a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) que prioriza o pagamento, em dia, das bolsas de estudo oferecidas através dos editais de pós-graduação, e que não permite mais atrasos. Acerca da administração direta de recursos fornecidos pela Fapeam no âmbito da Universidade, o diretor-presidente mostrou-se aberto ao entendimento, inclusive ressaltando que “há incentivo à administração direta, pois possuímos uma estrutura de pessoal pequena em relação ao alto volume de recursos administrados”.
Para a coordenadora do PPGSCA, Iraíldes Caldas, é preciso ter clareza de que foi a Fapeam que possibilitou ao Programa Sociedade e Cultura entregar, em dez anos de existência, 114 dissertações de mestrado à sociedade amazonense, “por isso mesmo temos o compromisso moral de continuar lutando pela consolidação da Fapeam”, diz ela. As dissertações defendidas tiveram como objetos de estudo desde a estética filosófica e literária até problemas de ordem sociológica, antropológica, política, histórica e os diversos modos de protagonismo social na Amazônia.
O PPGSCA também vem contribuindo, segundo a coordenadora, para a promoção de estudos de caráter interdisciplinar, para a abertura de novas linhas de investigação; para o crescente interesse científico e humano pela Amazônia, bem como para uma aproximação da Universidade com as organizações sociais locais, o diálogo com os movimentos sociais e o respeito pelas singularidades étnicas. “Por tudo isso acreditamos que temos tido um papel fundamental para o desenvolvimento das instituições e dos povos da Amazônia”, acentua.
A aprovação do Doutorado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES), no dia 25 de julho de 2007, é apontado por Iraildes Caldas como um marco histórico para o Amazonas.
Doutorado, Pós-Doutorado e Mobilidade Docente
O Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Estado do Amazonas, RH-Doutorado Fluxo Contínuo, foi destacado, pelo conferencista Odenildo Sena, como um sinalizador de que o Estado está priorizando os doutorados interestaduais. “A decisão de abrir o fluxo contínuo exclusivamente para doutorado foi do Conselho da Fapeam e atende a uma política do Governo do Estado e a uma diretriz nacional pela formação de novos doutores”.
Questionado sobre a demanda universitária em torno de programas de pós-doutorado, Odenildo Sena anunciou que na primeira reunião do Conselho da Fapeam, marcada para o próximo dia 8 de fevereiro, serão encaminhados um projeto de bolsas para pós-doutorado e um outro de mobilidade docente. “O programa de mobilidade docente vai possibilitar que um professor passe 6 meses, por exemplo, na Universidade do Porto, num intercâmbio de conhecimentos e experiências necessárias para os profissionais do nosso Estado”.
Foto: Ana Paula Freire