Impactos da formação de professores rurais de RR é apresentado na SBPC
BELÉM – O “Projeto de Formação de Professor do Campo”, desenvolvido pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), tem contribuído para mudar a realidade de agricultores rurais do Amazonas e de Roraima, levando a formação em Normal Superior para 200 novos professores em 26 áreas de assentamentos (13 em cada estado). Os impactos desse projeto foram apresentados na 59a Reunião Anual para o Progresso da Ciência (SBPC), que está sendo realizada no Hangar Centro de Convenções, em Belém.
Maria Trindade dos Santos Tavares, 53, finalista do curso de Normal Superior da UEA, participou nesta quarta-feira da sessão de pôsters da SPBC com o trabalho “A expectativa da formação de campo em Roraima”. Ela é mais uma bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) a participar do evento em Belém.
Orientada pela professora Heloísa da Silva Borges, mestre em Educação, ela avaliou os impactos do projeto nas 13 comunidades de Roraima. Ao todo, 100 agricultores e filhos de agricultores vêm recebendo formação superior no município de Rorainópolis, ao sul do Estado.
No período de férias acadêmicas em Manaus, os professores da UEA vão a Rorainópolis ministrar os cursos na Universidade Federal de Roraima. Os agricultores se deslocam para lá, onde têm alimentação e alojamento por conta do projeto. No caso dos 100 agricultores do Amazonas, as aulas são realizadas em Manaus, na Escola Agrotécnica Federal do Amazonas, com os mesmos benefícios para os alunos do campo. O projeto teve início em 2006 nos dois estados, mas a pesquisa de Trindade avaliou apenas os impactos em Roraima.
“Nós verificamos qual a expectativa dos assentados, se eles pretendem permanecer nas comunidades depois formados, como eles pensam em contribuir etc. Porque o objetivo do projeto é de que eles sejam agentes multiplicadores do conhecimento nos seus assentamentos, atuando como professores de educação infantil e ensino fundamental de 1a. a 4a. Séries”, explica Trindade.
Segundo ela, os resultados foram animadores: 83% dos alunos têm a intenção de continuar em sua comunidade, para trabalhar na formação de novos professores – 33%, inclusive, já estão atuando. “O que é mais gratificante é saber que eles não querem mais parar. A maioria pensa em fazer pós-graduação e permanecer no assentamento. Eles estão empenhados em levar mais qualidade para a educação no campo, o que atende às expectativas e aos objetivos da projeto”, conclui Trindade.
Para a diretora técnico-científica da Fapeam, Elisabete Brocki, os trabalhos apresentados na SBPC são uma demonstração do desempenho da ciência e tecnologia no Amazonas. “É empolgante ver essa quantidade de jovens do Amazonas tendo a oportunidade de interagir com pesquisadores de todo o Brasil em um evento tão significativo como a SBPC. Mais do que isso, ver o excelente desempenho do estado na área de C&T e perceber que isso sendo reconhecido pelo Brasil inteiro”.
Ana Paula Freire – Decon/Fapeam