Fisioterapia Preventiva: uma concepção não tecnicista


“Acredito que o ensino da Fisioterapia Preventiva deve transcender a visão puramente técnica, ou seja, o fisioterapeuta não deve possuir uma concepção curricular apenas tecnicista, visando somente à prática sob a lógica do executar, agir e fazer”.

 
A declaração é da fisioterapeuta Erbenia Maria Martins de Araújo, autora da dissertação “O Ensino da Fisioterapia Preventiva na formação profissional do Fisioterapeuta na região Norte do Brasil”.

 
Em sua pesquisa, ela procurou trazer à tona reflexões para uma nova abordagem no ensino da Fisioterapia na região amazônica, aprimorando, com isso, a formação dos futuros profissionais.

 
Para Erbenia, o desenvolvimento da prevenção na Atenção Básica da Saúde deve tomar como referência as relações entre o SUS (Sistema Único de Saúde) e a necessidade do cuidado integral de saúde. As especificidades das populações ribeirinha e indígena devem ser consideradas.

 

A pesquisa aponta, também, o pólo industrial de Manaus e suas características como espaço privilegiado para a aprendizagem das práticas de Fisioterapia Preventiva. Segundo a fisioterapeuta, quando centrada no ambiente de trabalho, a fisioterapia pode prevenir doenças osteomusculares (DORTs) resultantes da atividade nas empresas.

 

Técnicas de consciência

O trabalho de prevenção pode ser realizado a partir da análise do ambiente de trabalho, uso dos instrumentos nas atividades executadas, a biomecânica na execução dessas atividades e a postura do trabalhador.

 
Segundo Erbenia, casos de correções posturais, técnicas de consciência e esquema corporal podem ser prevenidos com palestras. Além disso, pausas e práticas como o alongamento e o relaxamento podem ser adotadas para melhorar a qualidade de vida do trabalhador.

 

Em relação ao ensino da prática preventiva, a pesquisa com os alunos demonstrou sentimento de insegurança e incapacidade na prevenção de lesões e patologias, resultado da falta de conhecimento.

 
Para resolver o problema, os discentes propuseram o aumento de carga horária destinada à prática e treinamento em equipe multidisciplinar. Em contrapartida, na auto-avaliação de sua atuação na Atenção Básica à Saúde no SUS, a maioria dos alunos se considera preparada.

 

Qualidade de vida

Segundo Erbenia, é necessário destacar que os problemas de saúde na região norte, em particular no estado do Amazonas, são agravados pelas características da região como a distância entre comunidades e até moradias, sistema precário de transporte rodoviário, alto custo do transporte aéreo e transporte fluvial inseguro.

 
Há ainda dificuldades como o saneamento básico e o fato de estar na Amazônia a maior população indígena do país, o que exige a adoção de políticas públicas diferenciadas. “A realidade da região norte e sua enorme e específica demanda, aumentam a dificuldade da prática preventiva”, explica a professora.

 
Assim, além do aumento da carga horária, os professores que participaram da pesquisa propuseram o incentivo à pesquisa, a iniciação científica para a formação acadêmica de maior qualificação, acompanhada do preparo do futuro profissional ao mercado de trabalho na região norte.

 

Em suas considerações finais, a professora Erbenia de Araújo indica que as instituições de ensino, seus gestores, professores e alunos reflitam sobre como melhorar o ambiente e a qualidade de vida da população da região norte do Brasil, através da Fisioterapia Preventiva, inserida no SUS.

 

Sobre a pesquisa:

Instituição: Unifesp – Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina.

Programa: Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde

Título da Dissertação: “O Ensino da Fisioterapia Preventiva na formação profissional do Fisioterapeuta na região Norte do Brasil”

Orientador: Prof. Dr. Nildo Alves Batista

Ano de obtenção: 2006
Erbenia Maria Martins de Araújo recebeu bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
 

Tatiana Lima – Agência Fapeam

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