Programa LBA receberá R$ 8 milhões até 2011
O LBA é uma iniciativa internacional de pesquisa liderada pelo Brasil, com a participação de pesquisadores de diversas instituições brasileiras e estrangeiras. É um programa vinculado ao MCT, com escritório central no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, e mais nove escritórios (São Gabriel da Cachoeira-AM, Palmas-TO, Belém e Santarém-PA; Rio Branco-AC; Cuiabá-MT; Brasília-DF; Jo-Paraná-RO; Cachoeira Paulista-SP).
Segundo o presidente do CCI, Mateus Batistela, doutor em Ciências Ambientais pela Universidade de Indiana (EUA), o MCT tem feito um enorme esforço, por meio do INPA, para viabilizar recursos para a manutenção das torres, escritórios, recursos humanos etc. “O objetivo é que, em 2008, tenhamos pelo menos duas chamadas públicas para o financiamento de projetos do LBA com base no planejamento científico aprovado pelo próprio Ministério”, anunciou Batistela.
O pesquisador destacou que o CCI também está buscando outras fontes de financiamento. Ele cita dois grandes projetos de pesquisa que farão parte da agenda do LBA, os quais serão financiados pela Fundação Moore e National Science Foundation, ambos dos EUA, para estudos amazônicos.
Outra boa notícia vem da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (SECT). O secretário da SECT, José Aldemir de Oliveira, disse que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) está disposta a financiar as pesquisas do LBA no Amazonas e está previsto R$ 1,5 milhão por ano.
Durante a reunião, também foi anunciado que Manaus será a sede, em 2008, da 4ª Conferência Científica Internacional do LBA. Paralelamente, acontecerão sessões conjuntas com os projetos Rede Brasileira de Modelagem Ambiental (Geoma) e Programa de Pesquisas em Biodiversidade (PPBio). Os organizadores esperam a participação de cerca de 700 a 1000 participantes, entre pesquisadores e estudantes do Brasil e do mundo. O evento contará com recursos do próprio LBA, além da ajuda da Agência Espacial Americana (NASA).
Formação – A Amazônia carece de recursos humanos e o LBA tem contribuído para o aumento do número de mestres e doutores. Ao longo de sua existência já foram concluídas 215 teses de doutorado e 280 dissertações de mestrado. Os trabalhos foram apresentados por estudantes da própria região. Foi o que explicou Batistela.
Segundo ele, o pessoal que foi capacitado pelo programa precisa dar continuidade aos trabalhos que, atualmente, estão em execução e os futuros. Contudo, é preciso fomentar formas de fixar o pessoal na região, o que deixa muito aquém. “É fundamental a criação de novas vagas, concursos para pesquisadores e professores. Há ações pontuais, por exemplo, a criação do curso de Mestrado e Doutorado em Clima e Ambiente, que demandou a contratação de professores. Mas ainda é pouco”, lamentou.
Contribuição Social – Batistela reforça que, hoje, a Amazônia está sofrendo diversas alterações que passam pelo entendimento das interações entre a biosfera e a atmosfera da região, as mudanças do uso e cobertura da terra, conversão da floresta em sistemas produtivos, atividades agropecuárias, extração de madeira. Ele disse que no centro de tudo está o homem e o LBA busca entender como todas essas transformações estão ocorrendo e o que pode ser feito para amenizar os impactos.
O LBA e as mudanças climáticas globais – De acordo com Batistela, os modelos matemáticos que simulam as mudanças climáticas globais tendem a não levar em consideração as variabilidades regionais, como é o caso da Amazônia. “O modelo envolve duas situações. A primeira descreve um processo e, a segunda, simula um futuro a partir do processo. Todo o modelo tem a sua limitação”, informou. Por isso, uma das propostas do LBA é a criação de modelos regionais de clima que levem em conta a mudança do uso e cobertura da terra.
Batistela afirmou que o desafio, hoje, é conseguir modelar em âmbito regional esses processos levando em conta tanto às modificações da superfície quanto suas conseqüências nos processos atmosféricos e climáticos. “O mais importante é que nessa nova fase não estamos prevendo somente essa visão multidisciplinar, mas uma integração maior das disciplinas. Estamos saindo da fase de ciência básica para aplicada. Em decorrência, o LBA vai atuar muito mais na geração de subsídio para políticas públicas, além de fomentar interações com outros programas do MCT”, finalizou.