Programa LBA receberá R$ 8 milhões até 2011


O Projeto de Lei Orçamentária (PLO) que tramita no Congresso prevê R$ 3,5 milhões, em 2008, para a manutenção da estrutura de apoio do Experimento de Larga Escala da Biosfera Atmosfera da Amazônia (LBA, sigla em inglês) via Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Normalmente, os recursos são aprovados sem cortes. Além disso, no Plano Plurianual (PPA) está previsto R$ 1,5 milhão por ano até 2011. Ao todo, serão repassados aproximadamente R$ 8 milhões para o programa. A notícia foi dada durante a 21ª reunião do Comitê Científico Internacional do LBA (CCI), que terminou na última sexta-feira (30).  

           
O LBA é uma iniciativa internacional de pesquisa liderada pelo Brasil, com a participação de pesquisadores de diversas instituições brasileiras e estrangeiras. É um programa vinculado ao MCT, com escritório central no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, e mais nove escritórios (São Gabriel da Cachoeira-AM, Palmas-TO, Belém e Santarém-PA; Rio Branco-AC; Cuiabá-MT; Brasília-DF; Jo-Paraná-RO; Cachoeira Paulista-SP).
           

Segundo o presidente do CCI, Mateus Batistela, doutor em Ciências Ambientais pela Universidade de Indiana (EUA), o MCT tem feito um enorme esforço, por meio do INPA, para viabilizar recursos para a manutenção das torres, escritórios, recursos humanos etc. “O objetivo é que, em 2008, tenhamos pelo menos duas chamadas públicas para o financiamento de projetos do LBA com base no planejamento científico aprovado pelo próprio Ministério”, anunciou Batistela.   

           
O pesquisador destacou que o CCI também está buscando outras fontes de financiamento. Ele cita dois grandes projetos de pesquisa que farão parte da agenda do LBA, os quais serão financiados pela Fundação Moore e National Science Foundation, ambos dos EUA, para estudos amazônicos.  

           
Outra boa notícia vem da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (SECT). O secretário da SECT, José Aldemir de Oliveira, disse que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) está disposta a financiar as pesquisas do LBA no Amazonas e está previsto R$ 1,5 milhão por ano.  

Durante a reunião, também foi anunciado que Manaus será a sede, em 2008, da 4ª Conferência Científica Internacional do LBA. Paralelamente, acontecerão sessões conjuntas com os projetos Rede Brasileira de Modelagem Ambiental (Geoma) e Programa de Pesquisas em Biodiversidade (PPBio). Os organizadores esperam a participação de cerca de 700 a 1000 participantes, entre pesquisadores e estudantes do Brasil e do mundo. O evento contará com recursos do próprio LBA, além da ajuda da Agência Espacial Americana (NASA).


Formação – A Amazônia carece de recursos humanos e o LBA tem contribuído para o aumento do número de mestres e doutores. Ao longo de sua existência já foram concluídas 215 teses de doutorado e 280 dissertações de mestrado. Os trabalhos foram apresentados por estudantes da própria região. Foi o que explicou Batistela.

          
Segundo ele, o pessoal que foi capacitado pelo programa precisa dar continuidade aos trabalhos que, atualmente, estão em execução e os futuros. Contudo, é preciso fomentar formas de fixar o pessoal na região, o que deixa muito aquém. “É fundamental a criação de novas vagas, concursos para pesquisadores e professores. Há ações pontuais, por exemplo, a criação do curso de Mestrado e Doutorado em Clima e Ambiente, que demandou a contratação de professores. Mas ainda é pouco”, lamentou.    


Contribuição Social – Batistela reforça que, hoje, a Amazônia está sofrendo diversas alterações que passam pelo entendimento das interações entre a biosfera e a atmosfera da região, as mudanças do uso e cobertura da terra, conversão da floresta em sistemas produtivos, atividades agropecuárias, extração de madeira. Ele disse que no centro de tudo está o homem e o LBA busca entender como todas essas transformações estão ocorrendo e o que pode ser feito para amenizar os impactos.

O LBA e as mudanças climáticas globais – De acordo com Batistela, os modelos matemáticos que simulam as mudanças climáticas globais tendem a não levar em consideração as variabilidades regionais, como é o caso da Amazônia. “O modelo envolve duas situações. A primeira descreve um processo e, a segunda, simula um futuro a partir do processo. Todo o modelo tem a sua limitação”, informou. Por isso, uma das propostas do LBA é a criação de modelos regionais de clima que levem em conta a mudança do uso e cobertura da terra.

           
Batistela afirmou que o desafio, hoje, é conseguir modelar em âmbito regional esses processos levando em conta tanto às modificações da superfície quanto suas conseqüências nos processos atmosféricos e climáticos. “O mais importante é que nessa nova fase não estamos prevendo somente essa visão multidisciplinar, mas uma integração maior das disciplinas. Estamos saindo da fase de ciência básica para aplicada. Em decorrência, o LBA vai atuar muito mais na geração de subsídio para políticas públicas, além de fomentar interações com outros programas do MCT”, finalizou.   

Ascom do Inpa

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