Indígenas e pesquisadores avaliam projetos em aldeia sateré-mawé
Lideranças indígenas do povo sateré-mawé estão reunidas na aldeia Umirituba, no rio Andirá, região do município de Barreirinha (a 372 quilômetros de Manaus), no primeiro encontro de avaliação do projeto “Revitalização da língua e das práticas culturais Sateré-Mawé”. O evento teve início nesta terça-feira e continua até sábado.
No encontro, os tuxauas das dez aldeias que sediam as oficinas de artes oferecidas pelo projeto estão reunidos com professores e alunos que participam das atividades, para discutir as estratégias de revitalização da língua e da cultura utilizadas no projeto. A expectativa maior é quanto à possibilidade de comercialização de cerâmica e redes produzidas pelos sateré-mawé, como alternativa econômica às famílias indígenas.
A diretora técnico-científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Elisabeth Brocki, participou da abertura do encontro. “É muito importante perceber como o apoio financeiro da Fapeam a dois projetos anteriores a este motivou a realização de um novo grande projeto”, disse ao conselho de tuxauas da tribo.
Os projetos aos quais se referiu Brocki foram “Elaboração de uma gramática Sateré-Mawé” e “Elaboração de um dicionário Sateré-Mawé”, desenvolvidos com apoio do Programa Jovem Cientista Amazônica (JCA) e Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PIPT), da Fapeam. Ambos foram desenvolvidos pela pesquisadora Dulce Franceschini, lingüista, então vinculada à Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
A partir dos dois projetos, os professores e outras lideranças indígenas sentiram a necessidade de revitalizar práticas artísticas não mais praticadas. “Quando começamos a entender o sentido das palavras, percebemos que era necessário aprender esses conhecimentos. Como falar sobre os bichos da água ou da terra sem conhecer ou contar nossas histórias mitológicas”, diz José de Oliveira, professor e um dos coordenadores do projeto de revitalização.
O projeto de revitalização da língua e práticas culturais, financiado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), é o primeiro projeto a oferecer oportunidades prioritariamente a jovens e adolescentes sateré-mawé.
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Por ocasião da apresentação, Brocki entregou uma edição da revista Amazonas Ciência, edição nº5, a cada tuxaua presente à reunião. Em três páginas, a revista traz a matéria “Sateré-Mawé ganha gramática e dicionário monolíngüe”, sobre as publicações originadas a partir dos projetos apoiados pela Fapeam.