Braga diz que Amazônia deve ter retorno por sua biodiversidade
O governador Eduardo Braga sugeriu hoje, durante a posse do Conselho Superior da Fapeam, que a diplomacia brasileira costure um acordo com a Malásia para troca de tecnologia da seringueira. Ele lembrou que no fim do século XIX os britânicos levaram a seringueira da Amazônia, desenvolveram-na geneticamente e fizeram plantações em larga escala na Malásia, então colônia da Inglaterra. No entanto, segundo o governador, os malaios só conseguiram desenvolver um tipo de seringueira, das 90 existentes na região. “Eles conseguiram uma produção em larga escala com ciência e tecnologia na Malásia e nós perdemos”, disse o governador.
Agora, para recompor o que chamou de “vergonha histórica” (referindo-se à biopirataria dos britânicos), Braga sugeriu que a Malásia devolva ao Brasil mudas de seringueiras resistentes para que o Estado possa começar “a revolução da produção da borracha” na Amazônia brasileira. “Por que não podemos trazer essa seringueira que está climatizada ao trópico, que está resistente, que já está com ciência e tecnologia dominadas? Eles pagam a dívida da biopirataria nos devolvendo essa seringueira desenvolvida”, disse.
Como contrapartida, o Brasil, através da Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia (Sect), da Fapeam e da Finep, poderia, na opinião do governador, firmar convênio com os institutos de pesquisa da Malásia para uma pesquisa compartilhada sobre outras 89 espécies de seringueira que existem na região. “Aí sim, nós vamos finalmente fazer a revolução de emprego e renda para o povo do interior do Estado usando ciência e tecnologia”.
O governador também afirmou que o Amazonas está no caminho certo ao investir em ciência e tecnologia. Segundo ele, esse é o caminho para o Brasil garantir um desenvolvimento sólido. “Não adianta o país crescer a 4%, a 5% a 7% ou a 8% se não cuidar da fronteira tecnológica. Porque senão, esse crescimento vai ser efêmero, não vai ser duradouro. Vai acontecer a mesma coisa que aconteceu com a borracha: vão nos levar”.
Braga lembrou que o Estado já investiu R$ 110 milhões em ciência e tecnologia, só na Fapeam, nos últimos quatro anos. “Vocês já imaginaram se o Amazonas estivesse investindo há mais tempo em ciência e tecnologia? O quanto nós já não teríamos vencido? O quanto já não teríamos adquirido de conhecimento e aplicado a questões práticas das empresas para gerar emprego e renda?”.
Braga criticou os céticos que minimizam a importância dos investimentos em ciência e tecnologia e disse que nosso desenvolvimento tem que estar sustentado na inteligência e na ciência, para garantir a sustentabilidade do crescimento econômico do país. “Mas isso não pode ser feito só nas universidades. Se não houver uma integração com a iniciativa privada para fazer com que esses elos do crescimento econômico se transformem em arranjos produtivos eficientes, que dêem competitividade no mercado global, também não vamos chegar lá”.
Por fim, o governador lembrou que o Amazonas neste momento já tem 548 novos mestres e doutores sendo formados, no que ele chamou de “nova arrancada”. “Alguém há de dizer: isso é muito pouco. Pode até ser, mas até 2002, 35 anos de esforço tinha formado pouco mais de 500 mestres e doutores”, afirmou. Ao final do seu discurso, Braga destacou a atuação do Sistema Estadual de C&T (que envolve Sect, Cetam, Fapeam e UEA) no sentido de promover ações pioneiras nessa área, "tão importantes para o Amazonas, para a Amazônia e para o Brasil".