Área cerebral responsável pela fala será mapeada


Neurocientistas brasileiros participam de projeto com a Universidade Livre da Bélgica

Cientistas brasileiros da Rede Sarah farão parte de um programa de pesquisa para o mapeamento da área do cérebro responsável pela fala e pelo aprendizado da leitura em lesionados cerebrais.

Eles trabalharão com pesquisadores da Universidade Livre da Bélgica. O intercâmbio, que já vinha sendo feito de maneira informal, foi oficializado ontem com a assinatura, em Brasília, de um convênio entre as duas Instituições.

Agora, doutorandos e mestrandos da Universidade Sarah integrarão uma das mais importantes equipes de pesquisa do cérebro da Comunidade Européia. Na primeira fase, o convênio dará prioridade às pesquisas na área de aprendizado de leitura de lesionados cerebrais analfabetos, que representam hoje 11% (entre crianças e adultos) dos pacientes do Sarah em todo país.

Segundo a presidente da Rede Sarah, a neurocientista Lúcia Willadino Braga, o tratamento de lesionados cerebrais alfabetizados e iletrados é muito diferente. A alfabetização, afirma, facilitaria inclusive o diagnóstico e tratamento, porque os analfabetos e iletrados têm maior dificuldade de se expressar e mostrar reação lógica aos procedimentos aplicados.

— Nesse trabalho de cooperação vamos avançar e mapear toda a rede neural responsável pelo aprendizado de leitura, em que os pesquisadores belgas têm um excelente resultado. Aqui 11% dos lesionados cerebrais, seja por AVC ou outros acidentes, são analfabetos. Isso dificulta um diagnóstico correto — disse Lúcia Willadino, responsável, junto com outros especialistas, pela recuperação do cantor Herbert Vianna.

Rede atendeu 1,5 milhão de pessoas em 2006

Os números das oito unidades do Sarah no Brasil impressionam. No ano passado, foram atendidas 1,5 milhão de pessoas, sendo a maioria lesionados medulares e cerebrais vítimas de acidentes de trânsito. A maioria crianças e adolescentes.

— É um Vietnã por ano. E o pior é que esse número está crescendo . Essas tragédias atingem as pessoas justamente quando começam a entrar em sua fase produtiva — disse cirurgião-chefe da rede, Aloysio Campos da Paz Jr.

A troca de informações se dará entre profissionais, mestrandos e doutorandos de psicologia, neurofisiologia, neuropsicologia e fisioterapia, que cursam atualmente a universidade de ciências de reabilitação, um centro de estudos voltado ao aperfeiçoamento de profissionais da Rede Sarah e da Universidade Livre da Bélgica.

Jornal da Ciência

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