Êxito da Semana Nacional de C&T depende sobretudo dos abnegados que se mobilizam em todo o Brasil
A IV Semana Nacional de C&T (SNCT) teve 9.700 atividades, em 390 cidades, com a participação de cerca de 1.400 Centros de Pesquisa, Universidades, escolas e entidades diversas.
Em 2006, participaram em torno de 1.000 instituições em cerca de 8.650 atividades, em 363 cidades.
A idéia da SNCT, criada em 2004, é promover aproximação entre o sistema de C&T e a sociedade e estimular pessoas, sobretudo crianças e jovens, a se interessarem por ciência. Busca-se contribuir para que a população possa conhecer e discutir os resultados, a relevância e o impacto das pesquisas científicas realizadas no país, além de valorizar a criatividade, a atitude científica e a inovação.
Em 2007, a escolha de Terra como tema principal da SNCT, articulada com o Ano Internacional do Planeta Terra (2007/2008) estabelecido pela ONU, estimulou a realização em todo o país de exposições, palestras, vídeos, experimentos, excursões científicas, feiras, oficinas, concursos, etc., sobre as geociências, o meio ambiente, o uso da energia, os solos e a ocupação da terra, além de se discutir o impacto das mudanças climáticas.
As tendas da ciência nas ruas, shoppings, parques e centros culturais continuaram, em 2007, despertando o interesse de milhares de pessoas nas grandes cidades.
No RJ, as ações de divulgação promovidas em conjunto por muitas instituições de pesquisa e ensino ocorreram no Largo da Carioca, Feira de São Cristóvão, Guaratiba, Barca da Ciência, Seropédica, Angra dos Reis e Niterói (em vários pontos da cidade, com grande envolvimento da prefeitura e de inúmeras instituições de pesquisa e ensino da cidade).
Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, estiveram os caminhões do projeto Ciência Móvel (Museu da Vida/Fiocruz e Cecierj) e a Lona da Ciência, parceria entre essas instituições, MCT e governo fluminense. A UFRJ montou o Hangar da Ciência, na Ilha do Fundão, que recebeu muitas crianças e jovens para atividades centradas no "Amar/Compartilhar/Aprender/Cuidar da Terra".
O ministro da C&T Sergio Rezende participou da abertura da SNCT em Pernambuco, em 30 de setembro, e da abertura oficial em Brasília, em 2 de outubro, ao lado do dep. Júlio Semeghini, presidente da Comissão de C&T, Comunicação e Informática (CCTCI), e de outras autoridades.
Rezende destacou a importância do evento para incentivar os jovens a buscarem o conhecimento e o contato com a pesquisa científica. Foi lançado ali um selo comemorativo da SNCT. O ministro esteve presente, em 3 de outubro, em atividades em São Carlos, SP, e, no dia 5, abriu as tendas da ciência na Feira de São Cristóvão, no Rio.
Em Brasília, com a participação de cerca de 50 instituições, foi montada, dentro e ao lado do Museu Nacional, na Esplanada dos Ministérios, uma grande feira de ciências. Ela ficou cheia de crianças e jovens durante toda a semana e de uma multidão animada, no final da semana.
Pontos de destaque, entre outros, foram a exposição sobre tecnologias sociais e o conjunto de atividades da UnB conectadas com o futuro Museu de Ciências de Brasília.
No Congresso Nacional, embora o foco das atenções estivesse centrado em temas menos científicos, ocorreram uma audiência pública na Comissão de C&T do Senado e o Seminário Pesquisa Tecnológica, que marcou a participação da Câmara.
Foram exibidas, ali, imagens do satélite Cbers 2B, lançado em 19 de setembro, fruto da cooperação Brasil-China. As imagens são usadas para monitorar florestas, avaliar o desmatamento na Amazônia e dar apoio à agricultura.
Em Belo Horizonte, montou-se no Parque Municipal uma grande tenda da ciência, onde o visitante percorria todo um trajeto com atividades ligadas às questões da Terra. Muitas Universidades, como a UFMG, compareceram, junto com dezenas de instituições, coordenadas pela Secretaria de C&T de MG.
Em Pernambuco, a Caravana da Ciência percorreu vários locais do Recife e de outros municípios. Realizaram-se, também, atividades em 35 pólos instalados nos municípios de todas as regiões do estado e em instituições de ensino e pesquisa. Em Recife, ocorreu a Semana Municipal de C&T, simultânea à SNCT.
Em Alagoas, uma Caravana da Ciência percorreu seis grandes cidades do interior.
No Ceará, o encerramento da SNCT aconteceu no parque ecológico do rio Cocó. Palestras, exibições, shows de ciência, teatro e outras atrações foram organizados no Shopping Benfica, no Instituto Centec e em mais 18 cidades do interior.
No Espírito Santo, a Semana Estadual de C&T, coordenada pela Secretaria de C&T do estado, com o apoio da Ufes e de outras entidades, promoveu intensas atividades, que atingiram 32 cidades — 40% do total de municípios —, num total de 750 atividades. O Ginásio da Emescam acolheu o 11º Salão do Inventor e a II Mostra Científica.
A Bahia destacou-se pela interiorização da SNCT com eventos em inúmeros municípios. A semana foi aberta pelo ministro Rezende e pelo governador Jaques Wagner, no Palácio Rio Branco.
O programa incluiu exposições itinerantes e interativas, planetário inflável, mostras de arte, oficinas interativas de reciclagem, jogos de matemática, eventos culturais, atividades de agricultura familiar e assentamentos rurais. A Fapesb lançou edital para auxiliar eventos na SNCT e apoiou 39 projetos.
Em Manaus, 36 estandes de instituições e entidades diversas, entre elas o Inpa, articuladas pela Secretaria de C&T do Amazonas, se juntaram na Estação Ciência, na Tenda do Studio 5.
Já a Travessia da Ciência, em 6 de outubro, levou pesquisadores, alunos e outros bolsistas do programa Jovem Cientista Amazônida para expor o resultado de seus projetos de pesquisa, no Porto de São Raimundo, em Manaus.
No interior do Amazonas, muitos municípios (cerca de um terço do total) tiveram eventos organizados, principalmente, pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e pela Embrapa Amazônia Ocidental. No Amapá aconteceu a 3ª Semana Amapaense de C&T.
Em Belém, atividades intensas marcaram todos os dias da Semana, muitas delas promovidas pelo Museu Goeldi, UFPA e Embrapa. Atividades, como oficinas, painéis, vídeos e palestras educativas concentraram-se na Ilha do Combú e na Ilha de Cotijuba dentro do projeto Campus Flutuante da UFPA, parceria entre Universidade, MCT, projeto CentrALCiência, Corpo de Bombeiros e o Projeto Piatam Mar.
No Tocantins, novamente houve atividades em muitas cidades do interior (19). Em Palmas, a exposição itinerante Meio Ambiente foi montada no aeroporto, além de ter ocorrido uma série de ações, como palestras, divulgação de projetos, gincanas científicas e feira de ciências na Escola Técnica Federal.
No Estado de SP, várias cidades do interior promoveram ações de divulgação, com destaque para Bauru, São José dos Campos, Campinas, São Carlos e São Vicente. Na capital, coordenadas pela Estação Ciência, realizaram-se atividades nos Parques Ibirapuera e Água Branca, além do Metrô.
A USP organizou um número grande de eventos na Praça do Relógio, na Cidade Universitária. Em SP, ainda falta maior apoio do sistema estadual de C&T, que muito poderia contribuir para ampliar a SNCT nos próximos anos.
No Sul do país, com tradição forte em instituições públicas e comunitárias espalhadas por cidades do interior, o número de atividades também foi grande, embora não tivesse atingido a intensidade de 2006.
No Rio Grande do Sul, 29 cidades tiveram eventos e, em Porto Alegre, aconteceu também a Semana Municipal de C&T.
Governadores ou governadoras abriam as atividades da SNCT em alguns estados como no RS, Paraíba (Campina Grande) e Rio Grande do Norte. Neste último, a II Semana Potiguar de C&T, versão estadual da SNCT, estende-se pelos meses de setembro, outubro e novembro e com cerca de 500 atividades, 60 instituições envolvidas e eventos em seis municípios.
Rondônia foi o estado campeão no quesito abrangência estadual: a SNCT teve atividades em todos os municípios, com grande envolvimento de escolas fundamentais e médias. Isto se deve à forte integração entre a Gerência de C&T da Secretaria de Planejamento, as Secretarias de Educação do estado e dos municípios e as Universidades públicas e privadas.
No Rio, realizou-se no mesmo período a Olimpíada Iberoamericana de Química, no Colégio Pedro II, em que os estudantes brasileiros se destacaram.
Concursos de desenhos e redações sobre o tema Terra foram promovidos em vários pontos do país. O Correio Braziliense, em parceria com o MCT, promoveu o concurso infantil "Como o Planeta Terra está hoje e como ele ficará no futuro?".
O Instituto Nacional do Semi-Árido promoveu o Prêmio Insa de Iniciação Científica.
O concurso nacional de desenhos, da revista Ciência Hoje das Crianças, continua aberto até 31 de dezembro.
O programa VerCiência exibiu em todos os estados 19 DVDs, com filmes e vídeos de divulgação científica, inclusive a belíssima série de nove programas da BBC sobre o Planeta Terra, recentemente premiada.
Distribuiu-se também a todos os estados, dentro do programa Ouvir Ciência, liderado pela UFMG e MCT, um CD com dezenas de programas de divulgação científica no rádio, produzidos e cedidos por algumas rádios universitárias, estatais e comunitárias, além do programa Prosa Rural da Embrapa.
A SNCT teve novamente boa cobertura espontânea da mídia em TVs, rádios e jornais locais. O material de divulgação, distribuído nacionalmente, foi de 70 mil cartazes, 100 mil folders e centenas de banners. O jornal tablóide A Semana de C&T, em sua quarta edição, atingiu 350 mil exemplares, distribuídos em todo o país encartados no jornal A Folha Dirigida ou de graça nos eventos públicos.
Durante a SNCT de 2007, foram ainda distribuídas no país diversas cartilhas, como a Comunidade mais Segura produzida pela CPRM/SGB, sobre os desastres naturais e inundações. O cartaz (30 mil exemplares) sobre a história geológica da Terra foi também produzido e distribuído.
A revista Ciência Hoje das Crianças, de setembro, foi toda dedicada à Terra. Em quase todos os estados, produziram-se folders, cartilhas, e outros materiais de divulgação sobre as atividades locais.
Todos os Institutos de Pesquisa do MCT participaram ativamente com eventos em praças públicas. Isso também ocorreu com as grandes Universidades públicas, Cefets, os Centros e Museus de Ciência. Como de outras vezes, em quase todo o país, o público apreciou muito os eventos em unidades da Embrapa e da Fundação Oswaldo Cruz.
A SBPC, a Academia Brasileira de Ciências e várias outras entidades científicas colaboraram muito com a SNCT.
Secretarias estaduais de C&T e FAPs têm participado bastante e colaborado com a coordenação dos eventos em suas regiões, embora em alguns estados pudessem fazê-lo com maior intensidade e aporte de recursos locais. Minas e Amazonas têm lançado editais para a divulgação científica. A Faperj também tomou esta iniciativa, há pouco.
Neste ano, começou maior interação da coordenação nacional da SNCT com as Secretarias de C&T, via Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de C&T (Consecti) e Conselho Nacional de Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap). Mas algumas dificuldades burocráticas dificultaram o processo, o que deve ser corrigido em 2008.
Os recursos financeiros disponíveis, a maior parte proveniente do MCT, são sempre insuficientes, em função da dimensão nacional do evento e do porte que atingiu. Mas a criatividade e o empenho, aliados a apoios locais, têm compensado muitas carências.
Um envolvimento maior de empresas com base tecnológica seria desejável. Empresas estatais de peso, como a Petrobras, têm ajudado em eventos localizados. Porém, numa visão nacional, poderiam colaborar bem mais e fazer com que a SNCT tivesse penetração ainda maior e deixasse raízes mobilizadoras ao longo de todo o ano.
Ponto alto da SNCT continua a ser o envolvimento voluntário e muito ativo de milhares de pessoas: cientistas, comunicadores da ciência, técnicos, servidores públicos, professores, estudantes. O sucesso que a SNCT tem alcançado depende fundamentalmente deste trabalho dedicado e entusiasmado da multidão de voluntários abnegados, dispersos por todo o país.
Os principais desafios para a SNCT de 2008 são similares aos deste ano: maior ligação com as escolas; atingir setores sociais mais pobres; dinamizar/inovar as atividades e torná-las mais interessantes para o público jovem; promover maior interação entre ciência, cultura e arte.
O lado operacional do envolvimento em massa de escolares ainda é um problema grande e permanente, assim como a articulação local com as secretarias de educação e, do ponto de vista nacional, com o MEC.
Desafio constante é promover atividades para crianças na faixa do ensino fundamental, um domínio em que a maioria das instituições tem experiência ainda limitada.
Por outro lado, na medida em que a Semana cresce e tem maior impacto junto à população, aumentam também os riscos de seu uso político com interesses menores.
Muitas instituições insistem, ainda, em apresentar apenas painéis e folders bonitos, mais voltados para o marketing institucional, sem entender que a SNCT tem na interatividade e no estímulo ao fazer e experimentar uma de suas maiores finalidades.
Em breve, o MCT anunciará a data da SNCT de 2008 e o seu tema principal. Todas as instituições de pesquisa e ensino, secretarias de C&T e de Educação de estados e municípios, Museus e Centros de Ciência, Sociedades Científicas e outras entidades de C&T, e a imensa legião dos interessados estarão sendo convidados a colocarem a data em suas agendas, a divulgarem o acontecimento e a iniciarem o trabalho de preparação da V Semana Nacional de C&T, em 2008.