Jovens pesquisadores falam de ciência na balsa do São Raimundo
Pela primeira vez, pesquisadores, estudantes e outros bolsistas do Programa Jovem Cientista Amazônida (JCA), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), vão expor os resultados de seus projetos de pesquisa para o público em geral. Eles participam amanhã (sábado, 6) da “Travessia da Ciência”, com saída do porto do São Raimundo, zona Oeste de Manaus, até o município de Iranduba, e vice-versa. O evento, que acontece a partir das 8h até as 17h, encerra as atividades da Fapeam na IV Semana Nacional de Ciência e Tecnologia no Amazonas.
As balsas Boto Navegador I e Boto Navegador II terão a presença de jovens cientistas amazônidas e pesquisadores que farão palestras e apresentação de trabalhos para os passageiros. No total, oito pesquisas serão apresentadas, duas a cada turno, com meta de atingir um público de 3,5 mil pessoas ao dia. A prioridade da instituição é apresentar resultados de pesquisas desenvolvidas no âmbito do Programa Jovem Cientista Amazônida (JCA), nos municípios de influência da travessia, como Iranduba e Manacapuru, e que envolvem estudantes e professores de escolas das áreas urbana e rural.
De acordo com Elisabete Brocki, diretora técnico-científica da Fapeam, os passageiros, muitos dos quais são moradores dessas cidades ou áreas rurais, passam a ter conhecimento das pesquisas desenvolvidas na área. “É importante que os habitantes dessas localidades conheçam os projetos e assim percebam o quanto a ciência é importante para o desenvolvimento. Dessa forma, conquistamos aliados”.
A mostra de resultados em um local considerado popular contribui para desmistificar que ciência é algo inacessível, restrita à comunidade científica. "Ao ter contato com os resultados, as pessoas começam a perceber o quanto as pesquisas científicas estão próximas do cotidiano. O próprio uso das balsas da travessia é um exemplo de como uma série de pesquisas científicas se converte em tecnologia", avalia Brocki, salientando que a Travessia da Ciência foi possível graças à parceria com Sociedade de Navegação, Portos e Hidrovias do Estado do Amazonas e o curso de Pedagogia da Universidade do Norte (Uninorte).
Entre as pesquisas a serem apresentadas está o projeto “ECOVIDA – Jovens Cientistas Valorizando e potencializando o Conhecimento Tradicional”, desenvolvido pela pesquisadora Rejane Gomes Ferreira, vinculada à Universidade do Estado do Amazonas (UEA), no município de Manacapuru.
A pesquisa reuniu um grupo formado por oito estudantes do ensino fundamental e cinco educadores de escolas municipais, para desenvolver ações educativas de caráter ambiental relacionadas ao saber local. Foi realizado um estudo da relação peixe-planta e também foi criado um mini-herbário, que possibilita a multiplicação do conhecimento em parceria com a escola.
O Programa Integrado de Recursos Aquáticos e da Várzea (Pyrá), programa de extensão da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), será apresentado por bolsistas e professores do projeto, com a participação de moradores das comunidades que participam das atividades. Também serão distribuídos materiais de divulgação do projeto.
Brocki defende ações inclusivas da Ciência no cotidiano da população. “Há um encantamento quando as pessoas percebem a associação entre o conhecimento tradicional e o científico, porque se sentem parte do processo. As pesquisas do JCA, por serem participativas (contam com membros da comunidade onde está sendo desenvolvido o projeto), têm essa característica acentuada”, afirma.
Além das pesquisas, alunos do curso de Pedagogia da Universidade do Norte (Uninorte), que participam voluntariamente da atividade, irão realizar brincadeiras diversas, inclusive com fantoches, com as crianças durante a travessia. Os servidores da Fapeam também irão distribuir brindes (canetas, sacos de lixo, adesivos, etc) aos passageiros. No porto de São Raimundo, a Fapeam contará ainda com um escritório de apoio.
O que é o JCA?
Programa pioneiro da Fapeam, o Jovem Cientista Amazônida (JCA), tem como finalidade apoiar pesquisadores de Instituições de Pesquisa e Ensino Superior (IPES), organizações governamentais e não-governamentais de comprovada qualificação em pesquisa científica ou tecnológica sediadas no Estado do Amazonas. As pesquisas devem representar contribuição significativa para o desenvolvimento sociocultural, científico e tecnológico do Estado do Amazonas e, envolver, na proposta, estudantes e professores de Ensino Fundamental e Médio, da Rede Pública de Ensino e de programas de Educação Indígena.