JCA leva estudantes e professores rurais para a Travessia da Ciência
Estudantes e professores bolsistas de projetos apoiados pelo Programa Jovem Cientista Amazônida (JCA), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) falam ao público sobre a experiência de estudar suas realidades, durante todo o sábado, 6, aos passageiros das balsas Boto Navegador I e II, durante a “Travessia da Ciência”, com saída do porto do São Raimundo, zona Oeste de Manaus, até o município de Cacau-Pirêra, e vice-versa. O evento, que acontece a partir das 8h até as 17h, encerra as atividades da Fapeam na IV Semana Nacional de Ciência e Tecnologia no Amazonas.
O projeto ECOVIDA – Jovens cientistas valorizando e potencializando o conhecimento tradicional, coordenado pela pesquisadora Rejane Gomes Ferreira, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), será exposto por alunos e professores – os jovens cientistas amazônidas – da Escola Municipal José de Melo Sobrinho, instalada na comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na zona rural do município de Manacapuru (a 79 km, em linha reta, de Manaus).
O projeto tem como objetivo buscar a interação entre os moradores da zona rural, estudantes de graduação, estudantes de 5ª a 8ª série, professores rurais e pesquisadores, a partir de ações que busquem empregar o saber científico e as técnicas de conhecimento tradicional dos ribeirinhos.
Os estudantes vão mostrar o levantamento sobre a relação peixe-planta que realizaram na localidade, além de ações educativas de caráter ambiental baseadas no saber local. “Esta proposta visa a inclusão social de jovens talentosos, por meio da Iniciação Científica Júnior”, explica Rejane Ferreira.
Outros estudantes e professores da Escola Municipal José de Melo Sobrinho vão expor artesanato e mel produzidos nas comunidades do Calado e Paru, também na área rural de Manacapuru. Eles participam do projeto Identificação botânica para conhecimento etnobotânico aplicado a produção de mel e confecção de artesanato na região dos lagos do Calado e Paru, Manacapuru – AM, coordenado pela pesquisadora Keuris Kelly Souza da Silva, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Já o pesquisador Tony Braga mobilizou os bolsistas do projeto Diversidade íctica e conflitos sócio-ambientais em uma área de várzea com manejo comunitário, no município de Manacapuru, Amazônia Central para participar da travessia. Eles vão apresentar uma coleção de peixes coletados nos lagos e rios do município, que evidencia a diversidade de peixes encontrados na região.
O projeto é desenvolvido no âmbito do Projeto Pyrá, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA).
Programa pioneiro da Fapeam, o Jovem Cientista Amazônida (JCA), tem como finalidade apoiar pesquisadores de Instituições de Pesquisa e Ensino Superior (IPES), organizações governamentais e não-governamentais de comprovada qualificação em pesquisa científica ou tecnológica sediadas no Estado do Amazonas. As pesquisas devem representar contribuição significativa para o desenvolvimento sociocultural, científico e tecnológico do Estado do Amazonas e, envolver, na proposta, estudantes e professores de Ensino Fundamental e Médio, da Rede Pública de Ensino e de programas de Educação Indígena.
O principal objetivo do programa é contribuir para o aumento da competência e da produtividade científica no Estado, voltada, prioritariamente, às questões rurais e indígenas, visando a melhoria da qualidade de vida das populações do interior do Estado do Amazonas e a inclusão social de estudantes do Ensino Fundamental (5ª a 8ª série), e Médio de Escolas Públicas e de Educação Indígena.
Pesquisas na balsa
No total, seis pesquisas serão apresentadas nas balsas, com meta de atingir um público de 3,5 mil pessoas ao dia. A prioridade da instituição é apresentar resultados de pesquisas desenvolvidas no âmbito do JCA, nos municípios de influência da travessia, como Iranduba e Manacapuru, e que envolvem estudantes e professores de escolas das áreas urbana e rural.
A mostra de resultados em um local considerado popular contribui para desmistificar que ciência é algo inacessível, restrita à comunidade científica. "Ao ter contato com os resultados, as pessoas começam a perceber o quanto as pesquisas científicas estão próximas do cotidiano. O próprio uso das balsas da travessia é um exemplo de como uma série de pesquisas científicas se converte em tecnologia", avalia Brocki, salientando que a Travessia da Ciência foi possível graças à parceria com Sociedade de Navegação, Portos e Hidrovias do Estado do Amazonas e o curso de Pedagogia da Universidade do Norte (Uninorte).
Brocki defende ações inclusivas da Ciência no cotidiano da população. “Há um encantamento quando as pessoas percebem a associação entre o conhecimento tradicional e o científico, porque se sentem parte do processo. As pesquisas do JCA, por serem participativas (contam com membros da comunidade onde está sendo desenvolvido o projeto), têm essa característica acentuada”, afirma.
Os eventos da Semana de C&T acontecem em todo o Brasil e são gratuitos e abertos ao público. No Amazonas, a Comissão organizadora da Semana de Ciência e Tecnologia é composta pelas instituições: SECT, SBPC, Ufam, UEA, Cefet-AM, Fapeam, Cetam, Inpa, SDS, Seduc, CPRM, FVS, Prefeitura de Manaus (Semed, Semcti), Suframa, Diretoria Regional da SBPC e Agecom.