Fetos causam impacto na Semana de C&T
Três embriões e 15 fetos garantiram o sucesso de público ao stand da Embriologia, montada na Estação Ciência da IV Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Amazonas pelo Programa Especial de Treinamento (PET) de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Enquanto uns visitantes ficavam chocados com a realidade da exposição (muitos não acreditavam que eram de verdade), outros aproveitavam para matar a curiosidade e até tocar nas ‘peças’ da coleção da Faculdade de Medicina da Ufam.
O estudante Stefhanno Sousa Santos, 16, do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), achou a exposição surpreendente. “Nunca tinha visto isso. Como a mãe consegue fazer isso?”, questionou, referindo-se ao aborto. Segundo o estudante, apesar de a exposição de fetos e embriões ser impactante, é correto “mostrar que isso pode acontecer”. “As pessoas ficam chocadas, outras ficam surpresas, mas é bom”, disse.
A estudante Luane Alves, 16, também do Senac, considerou “muito esquisito”. “É bonitinho, mas é uma situação bem chocante. Faz a gente pensar sobre o assunto”. A estudante do 3º ano do ensino médio do Instituto de Educação do Amazonas (IEA), Nadyenny Oliveira, 17, também achou a exposição “muito forte”. “Nunca tinha visto um feto fora do vidro, nem do tamanho desses. Dá para aproveitar bastante”.
O tamanho do feto a que Nadyenny se referiu é um de nove meses de idade. De acordo com o professor Dirceu Benedicto Ferreira, tutor do PET-Medicina, o feto foi doado para a coleção da Ufam há cerca de 40 anos, depois que a mãe morreu em um acidente de trânsito. Expostos em vidros que representam o útero materno, os fetos eram retirados para demonstrar o nascimento.
A exposição também contém pelo menos cinco fetos com má formação e dois siameses. Um dos siameses fica exposto em uma bandeja plástica, muito próxima do público. A estudante Jéssica Costa, 16, do Senac, sentiu medo ao se aproximar. “Tenho pavor de tudo e me assustei com isso. Vou sonhar à noite com tudo isso”, disse. Jéssica considerou a exposição “impressionante e ao mesmo tempo nojento”.
Nojento também foi o adjetivo utilizado pela estudante Patrícia Ribeiro, 16, do Colégio Dom Bosco. Ela saiu da área do stand da Embriologia fazendo careta, como se não tivesse gostado do que viu. “É um troço muito feio. É muito forte. Eu pensava que era de mentira”.
A estudante Fernanda Silva, 16, da Escola Estadual Marcantonio Vilaça, compreendeu a exposição de fetos e embriões como um alerta aos jovens e adolescentes. “Os jovens tem que ter consciência antes de fazer isso (o aborto). Se não quiser uma criança, tem que evitar. Existem tantos métodos para evitar”. Apesar da compreensão, Fernanda admitiu: “É bastante chocante”.
Tudo choca na Medicina
Os estandes da Faculdade de Medicina da Ufam foram montados para chocar o público, segundo o professor Dirceu Ferreira, mas a intenção é chamar a atenção para o que pode ocorrer no futuro. Ao lado do estande da Embriologia estava outro do Sistema Digestório, onde eram expostas lombrigas e outros tipos de vermes que atacam o intestino. Em uma bandeja, pedaços do intestino misturado a lombrigas mostravam como o sistema digestivo é atacado se os humanos não tomam os devidos cuidados com a alimentação e a água que consomem.
Mais um giro de 90 graus e os visitantes chegavam ao estande dos Efeitos do Sol sobre a Pele. Uma escultura de uma mulher ultra-bronzeada, com feridas no tórax e o no rosto mostravam como pode ficar a pele exposta por muito tempo ao Sol. As feridas representam o câncer de pele. Mais chocante que a escultura, no entanto, eram as fotografias expostas nas paredes, de pessoas com câncer de pele.
A poluição sonora também chamava a atenção dos visitantes e completava a ilha de estandes da Medicina da Ufam. Um aparelho que mede os decibéis mostrava aos alunos o barulho que causam nas salas de aula. Em um microscópio, as crianças e adolescentes viam a parte interna do ouvido danificada pelos efeitos da poluição sonora. A estudante do 5º período de Medicina, que explicava o funcionamento do ouvido aos visitantes, tentou explicar porque as pessoas ficavam chocadas com a exposição. “As pessoas não estão acostumadas a ver o interno do corpo humano. Por isso ficam chocadas”.
Valmir Lima – Agência Fapeam