Manejo de sementes nativas como informação
Pesquisadores constroem ferramentas de divulgação para mostrar o manejo de sementes como alternativa para aquisição de renda e preservação ambiental
Por meio do Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PIPT) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) foi realizado o projeto “Manejo de Sementes de Espécies Amazônicas” que buscou socializar informações sobre coleta, germinação, armazenamento, beneficiamento (que é o tratamento de produtos agrícolas para torná-los próprio ao consumo), e uso de espécies florestais e frutíferas da região.
Este estudo foi realizado em parceria com a Rede de Sementes da Amazônia (RSA) que tem o objetivo de reunir informações, pessoas e instituições que atuam com sementes ou atividades sócio-ambientais. Esta ação é realizada com o propósito de subsidiar a implementação de políticos regionais de fomento como alternativa para a redução dos problemas ambientais para o auto-sustentado da Amazônia.
Coordenado pela pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), Isolde Ferraz, o projeto, aprovado em 2004 e finalizado em 2006, desdobrou-se em gerar conhecimentos por meio da pesquisa em si, para posteriormente, divulgar os resultados obtidos de diferentes formas de modo que cheguem à sociedade. “Uma vez que trabalhamos com importantes espécies da região queremos que esse conhecimento seja amplamente divulgado”, declarou.
Como ferramentas de divulgação das informações captadas pelo grupo que reúne pesquisadores do Inpa, membros da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e da Associação de Levantamentos Florestais do Amazonas (Alfa), produzem fascículos intitulados “Manual de Sementes da Amazônia”. Estas publicações trazem algumas das principais características de espécies de plantas da região como nomes vulgares, espécies relacionadas e descrição botânica. Cada fascículo é dedicado a uma espécie de planta.
Publicações
Cinco edições do fascículo de sementes já estão disponíveis no site do Inpa(http://www.inpa.gov.br/sementes/sementes_manuais2.php). São eles: Andiroba – Carapa guianensis, Castanha-de-macaco – Cariniana micrantha, Pau-rosa – Aniba rosaeodora, Acariquara-roxa – Miguartia guianenses e Pupunha – Bactris gasipaes. Ainda serão publicados mais três fascículos.
Para Isolde Ferraz, o extrativismo exploratório, prática freqüente na região amazônica, leva à diminuição de determinadas espécies muito apreciadas pelo mercado. “Estas situações justificam a importância da elaboração de um manual como este onde ensinamos como manejar adequadamente e a produzir mudas de modo que as pessoas possam fazer o replantio das espécies”, explica.
O projeto contempla também a elaboração do “Guia de Propágulos e Plântulas” que traz informações sobre outras espécies de árvores de terra-firme comuns as áreas em torno de Manaus. Como diferencial, o guia apresenta novos conhecimentos acerca de espécies madeireiras e é destinado principalmente a profissionais interessados em reflorestamento.
A primeira edição, que está esgotada e abordou 10 espécies florestais, foi distribuída gratuitamente a instituições, como bibliotecas, nacionais e internacionais. Além da Fapeam, o projeto Dinâmica Biológica de Fragmento Florestais do Inpa e o CNPQ viabilizaram esta publicação. A segunda edição está em fase de revisão e trará outras 20 espécies.
Outra forma de promover o repasse dos conhecimentos obtidos durante a pesquisa é a realização de mini-cursos em comunidades da região. No ano passado (2006), as comunidades de São João e Nossa Senhora de Aparecida localizadas em Silves e Cristo Rei do Uatumã no Município de Presidente Figueiredo receberam a visita da equipe.
“Os comunitários mostram-se interessados em aprender a manejar as sementes e já têm experiência na produção de mudas ou já contam com seus viveiros comunitários”, afirma Isolde Ferraz comentando que os cursos têm a duração de 8h e que neles são abordados principalmente espécies de sementes de interesse dos comunitários.
Novas parcerias
Em 2007, o grupo dá continuidade ao andamento da pesquisa por meio do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) que é uma iniciativa do governo e da sociedade brasileira, em parceria com a comunidade internacional dos sete países mais desenvolvidos do mundo (Canadá, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos), que tem como finalidade o desenvolvimento de estratégias inovadoras para a proteção e o uso sustentável da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica, associadas à melhoria na qualidade de vida das populações locais.
Segundo o vice-coordenador do projeto “Manejo de Sementes de Espécies Amazônicas”, doutor Sidney Alberto Nascimento, por meio do programa PPG7, alguns dos estudos iniciados durante o PIPT estão sendo continuados, como especificação e classificação de sementes para fins de armazenamento, germinação e desenvolvimento de espécies de palmeiras da região (pupunheira, bacabeira e bacabeirinha dentre outras) e a produção de informativos técnicos e guias de propágulos. Outros estudos foram iniciados a partir do PPG7, como o estudo fenológico, ou seja, o comportamento das plantas em função do tempo (floração, frutificação e mudanças folheares).
No site oficial da RSA, www.rsa.ufam.edu.br e do Inpa pode-se obter maiores informações sobre o mercado regional de sementes, cursos e livros publicados a partir dos estudos realizados.
Cleidimar Pedroso – Decon/Fapeam