Internet deveria ser o principal meio de comunicação da região amazônica, diz consultor de política de informática


João Guilherme Silva, consultor do Comitê Estadual de Política de Informática (Cepinf) da Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Amazonas, considera que a internet deveria ser o principal meio de comunicação da região. O consultor participou, no último dia 11, da audiência pública realizada na Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional (CAINDR) da Câmara dos Deputados, em Brasília. 
    
Ele ressaltou que o Estado tem cerca de 1,578 milhão Km2 de área e que é impossível atender a toda população em seus anseios pela peculiaridade do espaço geográfico e pela falta de profissionais instalados. “A maioria dos municípios do Estado não tem um médico”, explica. Para Silva, enquanto não se tem profissionais capacitados para atender a região, as alternativas viáveis podem ser os procedimentos de assistências via satélite, como a telemedicina e a teleeducação. O evento foi realizado para discutir a ampliação do programa Amazonas Digital.
    
O consultor explica que o grupo de telemedicina da Amazônia ajuda a população ribeirinha, desde 2005, e é responsável por diagnosticar e solucionar 78 casos de doenças como infecções, hanseníase, câncer de pele e doenças sexualmente transmissíveis. A análise virtual permite que os agentes de saúde e médicos locais se comuniquem com médicos do Hospital das Clínicas de São Paulo para a indicação de tratamentos.
    
Segundo os expositores do Amazonas Digital, a efetiva implementação da rede via satélite garantirá, para todo o Estado, uma melhor integração e comunicação entre a população e os governos federal, estaduais e municipais.
    
Além de apresentar o projeto aos deputados da comissão, o objetivo do encontro foi solicitar apoio para a expansão do programa junto ao Ministério das Comunicações e, assim, reduzir o isolamento e a exclusão social dos povos da região amazônica.
    
“Quando se fala em implementar um projeto na Amazônia você tem que pensar em recursos, porque tudo lá é caro”, ressalta o consultor em entrevista ao Gestão C&T online. Segundo Silva, para se construir um quilômetro de estrada se gasta em torno de R$ 400 mil, enquanto para implementar efetivamente o Amazonas Digital o custo é de R$ 5 milhões e outros R$ 78 mil por ano para cada município manter o programa.
    
Para a ampliação do Amazonas Digital, os idealizadores pretendem utilizar a estrutura de uma rede já existente, a do Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), do governo federal, que possui 37 pontos de atendimento no Estado, sendo localizados em “pontos estratégicos”, como em escolas e nos centros de defesa dos órgãos militares. Com a efetivação do projeto, serão beneficiados os 62 municípios do Estado. 
    
Para o deputado Marcelo Serafim (PSB-AM), primeiro vice-presidente da CAINDR, e quem presidiu a audiência, é importante que o governo federal tome posição quanto a situação da comunicação na região Amazônica. Segundo ele, em cinco anos de mandato, o governo pouco fez sobre essa questão. “Depois de tanto tempo, o Amazonas ter apenas um projeto piloto [Gesac] nessa área é algo que está muito aquém das nossas expectativas e das nossas necessidades.”      

Projeto
    
No ano passado, o projeto do programa Amazonas Digital foi encaminhado para o Ministério das Comunicações, mas segundo o consultor do Comitê Estadual de Política de Informática (Cepinf), João Guilherme Silva, nunca houve um contato, por parte do órgão, aos idealizadores do programa. Ainda assim, desde o segundo semestre de 2006, o Amazonas Digital vem sendo testado no município de Silves e tem apresentando bons resultados. 
    
O próximo passo dos idealizadores do programa será o teste, em Manacapuru, de um serviço de internet contratado. O objetivo é realizar uma avaliação precisa e definir a melhor estrutura para, assim que possível, implementar o Amazonas Digital em todo o Estado.

Gestão C&T

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