Novo estudo alerta para casos de vermes entre os Apurinã


O novo número da Acta Amazônia, divulgado esta semana por meio do site acta.inpa.gov, contém a publicação de um trabalho de pesquisa que teve como meta estimar a taxa incidente de Mansonella ozzardi em comunidades indígenas do município de Pauini (a 935 quilômetros de Manaus), no interior do Amazonas. O levantamento etnoepidemiológico concluiu que a prevalência é elevada da doença entre os Apurinã — população foco da pesquisa — e está “possivelmente relacionada às suas atividades diárias às margens dos rios, onde existe uma grande abundância dos vetores (tais como o mosquito pium)”, conforme apontou o artigo.

A publicação é assinada pelo cientista Jansen Medeiros, do Laboratório de EtnoEpidemiologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Os pesquisadores Victor Py-Daniel, Ulysses Barbosa e Emanuelle Farias colaboraram como co-autores do documento científico, o qual foi registrado no segundo número deste ano da Acta Amazônica, que é uma revista trimestral do Inpa.

Os resultados da pesquisa consideraram, em primeiro plano, que a região de Pauini é endêmica para a filária Mansonella ozzardi. Além disso, como são poucos os estudos nessa região, o projeto foi realizado em comunidades ribeirinhas do município. Foram examinados indígenas da etnia Apurinã em seis comunidades localizadas às margens e afluentes do rio Purus, que entrecorta a área.

“A prevalência geral para M. ozzardi foi de 28,40% (entre os índios), com maior incidência para o sexo masculino e nos indivíduos com atividade no campo (agricultores). Em relação à faixa etária, as menores prevalências foram obtidas nos indivíduos mais jovens (2-9 anos), enquanto as maiores nos indivíduos acima de 58 anos”, segundo descrição resumida do artigo, na Acta.

Foram examinadas na pesquisa seis comunidades indígenas dos Apurinã. As regiões de Caciriqui, Mapiri, Makiri, Peneri, Afogados e Jagunço receberam visitas dos cientistas, que consideraram, para efeito de exploração sociodemográfica, as variáveis sexo e ocupação (distribuída entre agricultores, donas de casa, estudantes, crianças e adultos com ou sem ocupação formal) de novembro de 2004 a maio de 2005.

A conclusão do estudo aponta que, entre os problemas que a M. ozzardi vem causando à saúde das populações indígenas de Pauini, estão febre, dores de cabeças e dores gerais em partes do corpo. A pesquisa ainda alerta para o fato de que alguns sintomas da doença podem ser confundidos com malária.

Outro indicativo do levantamento é que, “como as agências governamentais de saúde não consideram a mansolenose como patogênica (que provoca doenças), não existem programas para tratar e controlar a transmissão dessa doença em comunidades afetadas”, o que agrava a situação, de acordo com alerta dos pesquisadores.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) subsidiou parte do estudo. O auxílio logístico foi cedido pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa).  
 
O que é Mansonella ozzardi

A Mansonella ozzardi é uma filária que causa uma doença denominada mansonelose, cujos sintomas são desencadeados pelo acúmulo de microfilárias no sangue periférico do homem. As microfilárias são as formas jovens produzidas por vermes adultos os quais parasitam o sistema linfático, a cavidade abdominal e os tecidos dos vertebrados.

Renan Albuquerque – Em Tempo (15/08)

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