Tarumã tem alta concentração de metais pesados nas águas


Estudo publicado no mais recente número da revista científica Acta Amazônia, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), afirma que a concentração de metais pesados na bacia do Tarumã é muito acima do permitido pela resolução 20/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Os autores da investigação foram Genilson Santana, do departamento de Química da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e Priscila Barroncas, da UniNiltonLins.

De acordo com relato da pesquisa, foram coletadas amostras de água e sedimento em suspensão nos igarapés Matrinxã, Acará, Bolívia e na bacia do Tarumã, onde o sistema hídrico recebe o produto de decomposição (chorume) do aterro sanitário de Manaus. Foi constatado que as amostras não estão nada adequadas ao que ressalta a legislação do setor — a qual estabelece critérios para a classificação das águas dentre os tipos “excelente”, “muito boa”, “satisfatória” ou “impróprias”.

Conforme relatório da pesquisa na Acta Amazônica, metais pesados como cobalto (Co), cobre (Cu), ferro (Fe), cromo (Cr), níquel (Ni), manganês (Mn) e zinco (Zn) estão presentes nas águas de boa parte dos igarapés que entrecortam a capital. Esses materiais, segundo o estudo, podem causar aos seres humanos cânceres, doença de Wilson (insuficiência hepática) e mal de Minamata (que atinge o sistema nervoso central e rins).

Os valores de pH das águas (amostras coletadas) variaram entre 4,29 e 6,85 nos 16 pontos de coleta. O resultado é diferente do observado em ecossistemas aquáticos preservados da região de Manaus, os quais são formados por águas pretas com valores de pH variando entre 3,00 e 5,00. Significa dizer que as amostras avaliadas pelos pesquisadores são menos ácidas que a média de demais sistemas hidrológicos da região, onde não há alta concentração de metais pesados.

Outra constatação do estudo é que a única explicação para o nível de cobre, cromo e zinco na água de Manaus estar bem acima do observável normalmente em canais de água limpa é a decomposição de componentes inorgânicos, tais como pilhas e detergentes.
Segundo o artigo da pesquisa, os autores ancoraram como justificativa do estudo o fato da análise dos metais pesados ser fundamental na compreensão da poluição de sistemas aquáticos. Eles foram reafirmados como perigosos contaminantes tanto em escala local como global, sendo agentes do estresse às comunidades aquáticas e estando associados a efeitos crônicos à saúde humana.

Além do resultado da pesquisa divulgado na Acta, os estudos de avaliação da incidência de metais pesados nas águas dos igarapés de Manaus não param. Hoje, o trabalho vem sendo desenvolvido na Bacia do Educandos. O objetivo do levantamento é avaliar os riscos a que a população ribeirinha vem sendo exposta devido à contaminação por metais pesados provenientes do Pólo Industrial de Manaus (PIM).

Ano passado, na 29ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, Santana também apresentou pesquisa intitulada “Estudo de metais pesados na região do Distrito Industrial de Manaus (AM)”, em que foi descrito como negativo o impacto dos metais pesados na contaminação do Igarapé do 40, que banha os bairros da zona sul da cidade, justamente na área geográfica da Bacia do Educandos.
 
Significado de pH

O termo pH (potencial hidrogeniônico) é usado universalmente para expressar o grau de acidez de uma solução. A escala de pH é constituída de uma série de números variando de 0 a 14, os quais denotam vários graus de acidez ou alcalinidade. Valores abaixo de 7 e próximos de zero indicam aumento de acidez nas águas.

 

Em Tempo (10/08)

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