Pesquisa vai avaliar estoque e dinâmica de carbono da floresta


“Manejo florestal sustentável para a Amazônia” é o título do trabalho do pesquisador Niro Higuchi, selecionado no Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex), com financiamento da parceria da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A proposta da equipe de 17 pesquisadores envolvidos no projeto é consolidar o núcleo de pesquisa sobre manejo florestal sustentável (MFS).

Uma das metas da pesquisa é avaliar o estoque e a dinâmica do carbono da vegetação com valor agregado ao manejo florestal e produzir estatísticas sobre o setor florestal, que devem incluir os estoques e produção de madeira no Estado do Amazonas, os seus custos de produção, o preço da madeira em pé e o preço da madeira beneficiada.

O pesquisador Niro Higuchi argumenta, no plano de trabalho apresentado para seleção, que o Amazonas tem, aproximadamente, 150 milhões de hectares de florestas primárias, das quais, mais de 100 milhões de hectares poderiam ser consideradas como de produção, mas a madeira é subaproveitada no Estado. “Em 2000, por exemplo, a madeira contribuiu com 0,4% na formação do Produto Interno Bruto (PIB) estadual; nos últimos 10 anos, menos de 20% da madeira produzida na Amazônia se originou de planos de manejo florestal sustentável”.

Outra justificativa do projeto se refere ao desmatamento da região. A madeira sem plano de manejo, segundo Higuchi, tem apresentado uma correlação quase perfeita com o desmatamento. Por outro lado, nos próximos anos a pressão para a exploração de madeira na Amazônia tende a crescer, aumentando os riscos de desmatamento. “Os atuais principais produtores de madeira tropical, Malásia e Indonésia, vão desaparecer do mercado internacional em 2012 e 2017, respectivamente”, afirma o pesquisador.

Baseado na experiência de 27 anos de pesquisas do GP-Manejo do INPA, Higuchi afirma que a madeira, produzida nas condições atuais, deixa de ser oportunidade e passa a ser uma ameaça à floresta e a seus múltiplos papeis sobre os ecossistemas amazônicos, especialmente, o de proteção às outras formas de vida. “Somente por meio do conhecimento será possível transformar a madeira em oportunidades. No entanto, não se pode perder de vista a dificuldade em conter a pressão sobre os recursos florestais da Amazônia”.

A iminente escassez de madeira no planeta, segundo Higuchi, requer ações mais eficazes de exploração, a partir do conhecimento técnico-científico. “A alternativa é sair, hoje, do laboratório, sintetizar o conhecimento produzido em 27 anos, validar resultados já alcançados, socializar os conhecimentos, transferir tecnologias e formar e capacitar pessoal em todos os níveis”, recomenda.

A previsão do núcleo de pesquisa coordenador por Higuchi é otimista: “A madeira do Amazonas poderá ser uma alternativa econômica à altura do Pólo Industrial de Manaus, se for produzida de forma sustentável”.

Entre os 17 pesquisadores envolvidos no projeto, quatro são da Universidade de São Paulo (USP) e cinco da Universidade Federal do Paraná. Niro Higuchi pertence aos quadros do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), junto com outros sete participantes da equipe.

 

Valmir Lima – Decon/Fapeam

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