SBPC estuda ajudar especialista em macacos preso por crime contra a fauna
A preocupação dos cientistas reunidos em Belém, na reunião anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), não é apenas com as eventuais prisões futuras, apesar de que a maioria prefere não trabalhar a ser responsabilizado por algum tipo de crime.
O caso do especialista em macacos Marc von Roosmalen, 59, preso em Manaus acusado de crimes contra a fauna (manter macacos em cativeiro sem autorização) e desvio do dinheiro público também causou comoção entre os cientistas. A Folha apurou que a SBPC, de forma oficial, está estudando a melhor forma para ajudar o pesquisador que nasceu na Holanda, mas tem a nacionalidade brasileira faz tempo.
Segundo Ennio Candotti, ex-presidente da SBPC, é fato que o cientista é uma pessoa excêntrica e um pouco avessa às normas burocráticas. "Mas até aí, ele ser preso e ter que pagar uma multa é um exagero muito grande", disse. Roosmalen também havia sido acusado, em 2002, de vender nomes científicos.
Pesquisa interrompida
Vários outros pesquisadores, por preferirem andar totalmente dentro da lei, tiveram que optar por interromper seus estudos a ter qualquer tipo de problema mais grave como ocorreu com Roosmalen. É o caso de uma pesquisadora do Instituto Butantan de São Paulo, segundo Ennio, que precisava de uma licença específica para estudar uma larva de borboleta que produz uma toxina que poderá ajudar no combate a artrite. "A autorização, pedida com antecedência, veio apenas em fevereiro e po um dia".
Detalhe: a larva só aparece uma vez ao ano e em janeiro. No mês seguinte, nos seringais, só existem borboletas.