Pesquisadores indígenas do JCA ganham Prêmio Chico Mendes
A Organização Indígena da Bacia do Içana (AM) foi a vencedora da categoria “negócio sustentável” do Prêmio Chico Mendes, concedido todo ano pela Secretaria de Coordenação da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente (MMA). A Oibi teve reconhecido seu trabalho com a produção e comercialização da pimenta do povo Baniwa, do Alto Rio Negro, projeto que conta com a participação de pesquisadores indígenas bolsistas do Jovem Cientista Amazônida (JCA), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam).
Desde o início de 2005, a Oibi vem desenvolvendo na Terra Indígena Alto Rio Negro, na região de São Gabriel da Cachoeira (AM), um trabalho de estímulo à produção da pimenta cultivada tradicionalmente pelas mulheres do povo Baniwa. Já foram realizados vários encontros e reuniões entre elas para a troca de experiência e conhecimentos, debates e a classificação de dezenas de variedades da planta existentes na região.
A partir daí, em conjunto com o Instituto Sócio Ambiental (ISA) e a Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (Foirn), a Oibi elaborou um plano de negócios que prevê a instalação de quatro “casas de pimenta” para a fase final do processamento e embalagem do produto e a sua venda em restaurantes e lojas especializadas do sudeste do País com o rótulo da “Arte Baniwa”, marca também lançada pela Oibi e reconhecida como símbolo de excelência em cestarias indígenas.
Para desenvolver as pesquisas aplicadas à identificação e produção de pimenta nativa, a Oibi concorreu e obteve bolsas do programa JCA Indígena, concedidos a pesquisadores indígenas do povo Baniwa, do Alto Rio Negro.
Inicialmente, mais de 70 litros de pimenta já estão sendo vendidos em São Gabriel da Cachoeira e em eventos dos quais a Oibi participa. A organização está tentando fazer contatos com parceiros e financiadores que possam ampliar a iniciativa. A intenção é colaborar com o desenvolvimento das comunidades indígenas, promovendo a geração de renda de modo a garantir a proteção e o uso racional da agrobiodiversidade manejada pelas comunidades locais.
Os primeiros lugares de cada categoria do Prêmio Chico Mendes receberam um diploma e R$ 20 mil, somando R$ 120 mil em prêmios, em solenidade realizada no último dia 13 de dezembro. A homenagem foi criada em 2002 e é conferida a pessoas, comunidades, ONGs, empresas e pesquisadores com trabalhos socioambientais que contribuam para a conservação e o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Michelle Portela Decon/Fapeam