Testes de eficiência e função geram produtos de qualidade
Qualquer produto antes de ser lançado no mercado passa por testes que indicam se está pronto ou não para o objetivo planejado. Essa aferição muitas vezes é realizada por meio de softwares desenvolvidos pelas próprias empresas como forma de garantir a eficiência de seus produtos. O problema é que nem sempre esses softwares atendem aos critérios técnicos, o que pode comprometer a qualidade dos testes realizados. Pensando nisso, o amazonense Arilo Cláudio Dias Neto elaborou uma infra-estrutura computacional que corrija eventuais limitações.
Denominada Maraká, essa infra-estrutura é uma espécie de planilha que sugere um processo de testes de avaliação completo, capaz de gerar uma documentação em padrão internacional. Além disso, é compatível com alguns modelos usados em engenharia de software e possibilita a adaptação a cada empresa, possuindo características adicionais que facilitam a utilização como distribuição on-line em diferentes idiomas e com acesso simultâneo por vários usuários. A proposta foi concretizada na dissertação “Uma infra-estrutura computacional para apoiar o planejamento e controle de testes de software”, defendida na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Dias Neto realizou parte de seus estudos em Manaus, com 13 empresas do Pólo Industrial (por acordo, o nome das empresas não pode ser revelado). Na ocasião, foi examinada a maneira como elas aplicam os testes de controle de seus softwares. “Percebemos que os softwares desenvolvidos têm sido feito de forma ad hoc, ou seja, sem critérios, sem uma sistemática, de modo que não há uma garantia da qualidade dos testes realizados”, afirma. Posteriormente, um departamento da Marinha do Brasil, no Rio de Janeiro, experimentou a implantação de uma abordagem de apoio de planejamento e controle de testes, o que veio, mais tarde, fundamentar a criação da estrutura Maraká.
“O que fizemos foi desenvolver um mecanismo computacional que ataca exatamente essas limitações observadas, viabilizando uma sistematização dos testes e possibilitando um aumento da garantia da qualidade dos testes realizados em um produto e conseqüentemente um aumento da qualidade dos produtos desenvolvidos por essas empresas. Ou seja, o trabalho foi bastante direcionado pelos resultados da pesquisa em Manaus e dos testes na Marinha”, acrescenta Dias Neto. Segundo ele, a qualidade dos testes aplicados nas empresas revela a deficiência dos softwares. “Essa deficiência se dá pela ausência de um planejamento de execução, falta de recursos humanos e financeiros que viabilizem sua realização”, acrescenta.
Dias Neto afirma que seu estudo só foi possível porque ele recebeu bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Segundo ele, a infra-estrutura Maraká está sendo utilizada em um projeto de desenvolvimento de software pelo grupo de Engenharia de Software da Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia (COPPE), da UFRJ. “Outras empresas já manifestaram interesse em adquirir a infra-estrutura, mas a sua implantação está sendo discutida entre os envolvidos”, acrescenta.
Homenagens – Maraká é um instrumento indígena usado por pajés em seus rituais com o objetivo de expulsar os males que assombram uma tribo. “Escolhi esse nome à infra-estrutura como uma forma de homenagear a minha terra, Amazonas”, explica Dias Neto. A analogia está em considerar que a estrutura visa apoiar a remoção dos males – no caso, as falhas – de um software.
A dissertação foi defendida em defendida no dia 06 de abril de 2006, na COPPE/UFRJ. Em outubro, Maraká foi indicada como uma das três melhores ferramentas no Simpósio Brasileiro de Engenharia de Software, realizado em Florianópolis (SC). Recentemente, Dias Neto recebeu uma homenagem denominada “Voto de Louvor”, que é fornecida pela diretoria acadêmica da COPPE aos que recebem algum reconhecimento e assim divulgam o nome da instituição em nível nacional.