Preconceito é objeto de estudo em dissertação
Entender como a sociedade vê os portadores de deficiência física e como eles vêem a si próprios na sociedade, e estudar a complexidade da relação entre médico e paciente são alguns dos objetivos da pesquisa realizada pela fisioterapeuta Cecília Sayonara Gonzaga Leite. Sua reflexão acerca das representações sociais e do preconceito sofrido pelos deficientes físicos resultou na dissertação “Corpo doente: introdução ao estudo das representações sociais dos deficientes físicos de Manaus”, do programa de Mestrado em Sociedade e Cultura, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Leite escolheu desenvolver seus estudos na área de ciências humanas por considerar que as questões propostas não poderiam ser respondidas somente por meio das ciências biológicas. “Não é possível estudar a questão do deficiente levando em conta somente a parte médica, é preciso haver um diálogo urgente entre as ciências da saúde e humanas”, enfatizou a pesquisadora. A pesquisa aponta para a segregação dos deficientes físicos, a falha dos programas existentes, o preconceito, a falta de informação dos próprios portadores de deficiência e a necessidade premente de aproximar o paciente do médico.
De acordo com a pesquisadora, um dos maiores problemas é exatamente o desconhecimento sobre os direitos garantidos aos portadores de deficiência física. Mesmo aqueles que sabem dos seus direitos encontram uma série de barreiras. “Eles têm dificuldades para adquirir próteses, não usufruem tratamento médico especializado, não contam com transporte público adaptado à sua realidade”, destaca Leite.
O estudo foi desenvolvido na Fundação Alfredo Jorge, um centro especializado no tratamento de portadores de necessidades especiais congênitas e adquiridas. Leite restringiu sua pesquisa aos que se enquadram na segunda situação, partindo do prontuário para a aproximação com cada um dos pacientes estudados. “É um centro muito bem organizado, com um universo amplo de deficientes e registros completos dos pacientes, o que facilitou o acompanhamento de cada um dos estudados”, afirmou.
Foram escolhidos oito pacientes para o estudo, com idade entre 20 e 50 anos. As entrevistas não foram estruturadas, para, assim, dar mais flexibilidade aos pacientes para contarem suas histórias. A dissertação foi defendida na segunda-feira, 4, na Ufam.
Caio Mota – Decon/Fapeam