Livro estuda a educação dentro das empresas e seu reflexo na educação normal
A educação dentro das empresas e seu reflexo na educação normal é o tema principal do livro “A fábrica como espaço educativo”, de autoria da professora doutora Arminda Rachel Botelho Mourão. No livro, lançado no dia 16 de março, a pesquisadora avalia como as práticas pedagógicas empresariais começam a atingir a pedagogia, mudando os objetivos da Educação dos interesses sociais para a acumulação de capital, seguindo a lógica empresarial.
Para escrever o livro, a autora conheceu e analisou o funcionamento de uma fábrica para discutir a organização da unidade, já que elas têm um projeto político pedagógico de formação próprio. “Essa formação atende aos interesses das empresas, voltados para a acumulação de capital”, diz Arminda Mourão.
As empresas classificam esta formação como “universidades corporativas”, que mantém uma espécie de curriculum, envolvendo práticas aplicadas desde a seleção até o treinamento permanente de funcionários.
A pesquisadora defende que as práticas pedagógicas desenvolvidas nas empresas começam a ser absorvidas pelas escolas, dentro de um processo de adequação do sistema educacional à lógica de mercado. “A mudança da terminologia é o sintoma mais nítido dessa transformação. O aluno passa a ser visto como cliente; a administração escolar passa a ser gestão escolar”, avalia a pesquisadora.
Justamente por estar vinculada à prática empresarial, que atende à lógica de acumulação do capital, é que a escola passa estar cada vez menos voltada aos interesses da população. “Porque atende aos interesses do capital”, enfatiza.
Entretanto, Arminda Mourão alerta que o atrelamento é uma característica desse início de século. “Essa é a nova organização social do trabalho, embora a lógica que se mantém ainda é a do século passado. A lógica de acumulação permanece, mas a forma de organização mudou”.
Michelle Portella Decon/Fapeam


























