Brasil pode ser líder no setor de biotecnologia
A medida foi anunciada num momento em que os procedimentos industriais dos países desenvolvidos, incluindo a deficiência na produção de combustíveis renováveis, estão na berlinda, por causa do aquecimento global. A idéia é fazer do Brasil uma opção rentável e com competitividade para ganhar cada vez mais mercados.
– O Brasil é detentor de 20% das biodiversidades do mundo e de inúmeras florestas, o que nos credencia a ocupar um lugar de destaque no mundo – afirmou Lula.
A nova política terá foco estratégico nas áreas de saúde humana, agropecuária, industrial e ambiental. O objetivo principal é incentivar a competitividade da indústria nacional, aumentar a participação brasileira no comércio internacional e acelerar o crescimento econômico do Brasil.
O Brasil é dono de um quinto da biodiversidade mundial, com cerca 200 mil espécies de plantas, animais e microorganismos registradas. A grande novidade desta nova diretriz é que, se até agora os recursos para o setor eram exclusivamente para pesquisas, agora podem ir para a produção de bens e serviços inovadores. Os projetos poderão ser financiados a fundo perdido e serão examinados pelo Comitê Nacional de Biotecnologia, formado por representantes de oito ministérios.
Lula disse que o Brasil está fazendo a sua parte para preservar o meio ambiente. Ele destacou que, desde 2003, foram reduzidos em 52% o desmatamento da Amazônia e que, com isso, o Brasil conseguiu evitar a emissão de 430 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera.
– Em vez de arrasar lavouras ou devastar florestas, a biotecnologia e a eficiência da agricultura geraram um corredor produtivo no país – disse.
O presidente disse que o objetivo, com a nova política, é equilibrar a equação entre democracia, ciência e economia.
– Vamos produzir remédios e vacinas mais baratos, enzimas industriais, alimentos mais nutritivos e avançar em pesquisas científicas. Não há mais tempo a perder – acrescentou, classificando a nova política de "porta de saída" para o aquecimento global.
– Temos condições de mostrar ao mundo que plantar combustíveis é a melhor forma de colher justiça social e, ao mesmo tempo, contribuir para a redução do efeito estufa.
Com limitações orçamentárias, a meta do governo é atrair investimentos privados para ajudar a desenvolver a bioindústria no país. Para esse fim, serão oferecidos recursos de Orçamento da União, BNDES e fundos setoriais. De acordo com o ministro da Saúde, Agenor Álvares, a medida também permitirá maior oferta de fármacos, melhorando a qualidade e aumentando a concorrência no mercado.
Um setor de US$ 500 bi
A biotecnologia abrange microbiologia, bioquímica, genética, engenharia, química para a solução de problemas ou obtenção de alimentos e bebidas, remédios, vacinas, pesticidas – sem prejudicar o meio ambiente, pois se baseia na biodiversidade para desenvolver produtos e serviços.
Com a nova política, o governo espera estimular o setor privado a se tornar mais competitivo e participativo na bioindústria. Entre os resultados esperados estão a descoberta de remédios; a produção de plantas mais nutritivas e resistentes; a fabricação de plásticos biodegradáveis; e a preservação do meio ambiente.